sábado, 7 de março de 2009

Um pouquinho de Fernando Pessoa

O Guardador de Rebanhos (Trecho)



XI

Aquela Senhora tem um piano
que eh agradavel mas nao eh o correr dos rios
Nem o murmurio que as arvores fazem...

Para que eh preciso ter um piano?
O melhor eh ter ouvidos
E amar a Natureza.

Aloha!

Caros Leitores:
Esta proxima estoria fala de indios, Deuses, ondas, Morte e Amor.
Nao esta completa ainda, mas esta quase 100%. Aproveitem e comentem.
Vamos colocar (provisoriamente) o nome "Aloha!"
Deliciem-se
Leo

Aloha!

Toda a vez que um índio fica doente é o Pajé que com seu conhecimento e a sabedoria das plantas que contribui para a cura das mais variadas doenças. Quando o mal é muito poderoso, a ponto de dizimar toda a tribo, o Xamã consegue perceber o perigo antes, e trata logo de resolver o futuro problema.
Durante a noite de eclipse da Lua cheia, os espíritos dos ancestrais alertaram Abaeté sobre Mamaés, espíritos extremamente maléficos que viriam dos mares sem fim. Segundo o relato da profecia, a única proteção segura para a tribo seria uma vacina feita do sapo nhã-nhã-nhã. Além de esclarecerem Abaeté sobre o sapo, esclareceram também o método de aplicação do remédio: com espinhos de um Jacarandá da Bahia, se faria três furos no braço da pessoa e com novos espinhos embebidos em óleo de Copaíba acrescenta uma mistura que contém água da chuva, folhas de Arumã, saliva do sapo nhã-nhã-nhã mais sementes de mastruz embebidos em leite de morcega.
A gravidade do assunto merecera atenção máxima e na mesma noite da revelação da mensagem, Abaeté me chamou, e com uma pequena comitiva partiria no dia seguinte para uma caminhada rumo ao local onde o Kuat não sai da água, para encontrarmos o sapo.
Abaeté montou o grupo para esta empreitada composto por ele, Jaguarão, Arawaté e eu. Para os Pajés e Xamãs o trânsito sempre foi livre por todas as tribos. Entre os outros viajantes era sempre necessário contar uma história, trazer novidades do mundo, e depois destas histórias, o conselho dos velhos se reunia e decidia qual seria o destino dos viajantes. Se fossem considerados hóspedes tudo seria as mil maravilhas, o único problema seria se tivesse alguma briga ancestral. Se isso ocorresse iríamos ser a principal atração do ritual antropofágico a ser realizado na tribo. Com o tempo fui aprendendo alguns macetes com Abaeté e Arawaté: eles sempre tinham uma boa poesia ou canção, além de uma flauta de bambu ou de canela de onça para tocar belas canções aprendidas com a chuva e com os ventos.
O primeiro contador de estórias que vi foi o xamã Tucumã que veio das terras dos ventos uivantes e gelados ao lado dos grandes rios. A estória dele não esqueço até hoje, e foi narrada assim:


Ternos e flexíveis são as plantas quando começam
Duras e rígidas quando terminam.
Rígido e duro o que sucumbe a Yama
Tenro e plasmável o que é repleto de vida
Quem julga ser forte só pelas armas
Não vencerá.
Árvores que parecem possantes
Sempre se aproximam do fim.
Pelo que vale isto:
O que parece grande e forte
Já está a caminho da decadência
Mas o que é pequeno e plasmável,
Isto cresce.


A caminhada foi longa e sem contratempos. Toda a costa deste imenso continente era habitada pela família Tupi. Nossa hegemonia no Litoral só era quebrada pela tribo Goitacá, ao sul da nossa aldeia, pelos nômades Tapuias, e ao norte pelos Taba Yaras que viviam em constantes atritos com os Potiguar.
Durante uma mudança de Lua inteira caminhamos subindo a costa. Toda a aldeia onde passávamos, sempre éramos recebidos com festa. A fama de Abaeté correu o mundo depois do nascimento de Jaguarão, e durante muitos pousos contei e recontei a estória do homem onça que por ora nos acompanhava. Nenhuma tribo possui mais do que três contadores de estórias, sujeitos portadores da sabedoria milenar dos ancestrais, e sempre à noite entre as beberagens de cauim, bebida extraída da mandioca, exerciam com muita honra e prazer esta função. Abaeté sempre falava da importância de viajar, e desta imensa caminhada nunca vou esquecer deste diálogo que tive com ele algumas horas antes de chegar a Lagoa Encantada.
- Uma viagem de muitas Luas começa sempre com o primeiro passo. Viajar é multiplicar a vida, Piatã. Como é proveitoso poder aprender com as outras culturas. A viagem celebra o reencontro do homem com o imprevisto, o que lhe permite romper com a rotina, o cotidiano. Tirando você de seu estado de eterna quietude. A liberdade e o infinito ao alcance de sua vontade. Não existe nada melhor do que ver o mundo com olhar de viajante, tudo é novo, tudo é mágico. Não existe rotina, ou melhor, nós é que quebramos as rotinas existentes... Viajantes buscam a diversidade, se apropriam de experiências que lhe permitem compreender de onde uma sociedade tira substância para o seu conhecimento. A verdadeira viagem não é apenas ir de encontro a novas paisagens, mas de ter novos olhos. Viajar confunde com a experiência do novo, diferente. Podemos nos maravilhar ou horrorizarmos com o outro. Aquilo que escapa do nosso modo de vida não é necessariamente bárbaro e desprovido de razão. Viajar sempre foi se equivocar. Afinal trata-se, na maioria das vezes, de aprender de maneira mais rápida e grosseira realidades sobre as quais sabemos pouco ou quase nada. Viajar talvez seja equivocar-se sobre o outro e apreender com o distanciamento e com a comparação, algo mais sobre nós próprios. Viajar amplia muito as possibilidades para aceitarmos melhor as múltiplas variantes do humano e nos ensina a conviver mais pacificamente com elas. Mas ao final as nossas diferenças é que nos unirão. Ninguém conhece todos os segredos da floresta, mas cada índio conhece muito bem seu quintal. Vai chegar um dia que todos estes pensamentos se unirão, seja por bem, seja por mal. Ninguém irá se chamar Tupinambá, Tapuias ou Goitacás, muito menos índio. Todos serão humanos. Neste dia a humanidade estará pronta e em sintonia para conhecermos nossos irmãos que moram em outros universos. Enquanto nós não nos chamarmos todos de irmãos, como conseguiremos conviver com outros povos e culturas de outros planetas? A busca para este encontro é puramente espiritual, não tecnológica. A melhor maneira de lutarmos para que esta união se concretize é fazermos a nossa parte. Viaje Piatã, conte em suas estórias a sabedoria do nosso povo guardada para a Eternidade. Compartilhe a sua luz com os outros. Carregue sempre com você a paz e harmonia. Leve o que existe de bom em seu coração que automaticamente você.O Senhor da Fala carrega em sua mão a Morte e a Vida. Leva seus ouvintes por onde quiser sem contradição. Para se tornar um Senhor da Fala é preciso provar que é bom de Língua e para isso se põem muitos com ele toda uma noite por três, quatro dias para tentar vencê-lo pelo cansaço. Mas se o candidato vencer o cansaço, todos os têm por grande Homem e Língua.
Quando íamos nos aproximando da tribo Potiguar, a menos de um dia da chegada do nosso destino final encontramos uma família de índios da aldeia, que voltavam de uma coleta de frutos e sementes. Raramente buscavam caça na mata, exímios nadadores, com muitos peixes e mais variados frutos-do-mar montavam o seu cardápio alimentar.
Impregnados com a essência do lugar e ébrios de energia continuamos o caminho tranqüilamente até começarmos a sentir outras presenças ao nosso redor e sabíamos que estávamos sendo observados por muitos olhos, que mal se ocultavam da nossa vista na vaga e indistinta mata. Rápida como o bater de asa de um beija-flor, uma flecha passou zunindo pelos ares na frente dos olhos de Jaguarão. O tiro deixou de acertar a sua cabeça pela metade da largura de um dedo. Milhares de flechas saíram flamejando de arcos ocultos da floresta. Saímos da trilha, fugindo daquela armadilha de morte preparada pelos Taba Yaras.
Como os olhos são atraídos para o belo as flechas de Jaguarão encontravam abrigo no peito dos inimigos. Ele lutava só, mas parecia estar em todas as partes ao mesmo tempo. Arawaté conseguiu encantar algumas serpentes de línguas fendidas que partiam para cima dos Taba-Yara vomitando veneno, enquanto Abaeté criava guerreiros que se multiplicavam através da ilusão.
Muito mais do que simples e valorosos guerreiros Taba-yara, também enfrentávamos um Xamã poderoso como uma cachoeira trovejante, e muito rapidamente nuvens de tempestades surgiram do nada e desceram com grande estrondo sobre a floresta, ocultando o sol e despejando chuva, muita chuva, como mil cachoeiras. Uma chuva constante que caía em torrentes grossas como caules de bananeira. Todo o líquido caiu sobre nós como se quisesse submergir-nos num oceano. Uma flecha com a ponta em chamas e com um mantra encantado de Abaeté zuniu do arco de Jaguarão, perfurou as nuvens e dispersou a Tempestade.
Logo após a parada da chuva saiu da mata Jaçanã, com sua pintura brilhante como o sol e com uma faixa de jóias que caiam de seu ombro esquerdo, longos brincos de ouro e cinturões e braceletes de bronze. Apetrechos que portava não por vaidade, mas pelo poder que eles continham.
- Vi que lutam bem, conservarei suas vidas. Disse Jaçanã.
- Quem pode lutar contra a alma de toda a vida e seu amigo de outrora. Retrucou Abaeté.
- Não reconheci você Abaeté, senão muitas vidas poderiam ter sido poupadas.
- Não é motivo de nenhum desmerecimento morrer lutando pela sua tribo Jaçanã. Mas não posso permitir que continuem se matando como crianças mimadas.
- Através das palavras, nós não conseguimos entrar em harmonia com os Potiguar a respeito do Rio Ipiaú, então que os índios mais valentes tomem conta do espaço. Por acaso tem alguma idéia melhor Abaeté?
- Porque não deixam o Rio decidir?
- De que jeito faremos ele falar?
- Deixaremos o Rio emanar suas emoções. Nos prepararemos até a próxima Lua Cheia, cantaremos, beberemos e depois pediremos aos Deuses que demonstrem quem eles mais amam. Iremos todos nos jogar no Rio e quem descer mais rápido em direção ao útero terá o direito de permanecer aqui. Os candidatos poderão fazer embarcações para apoiar a nadada, mas não poderão usar remos.
Todos aceitaram a proposta de Abaeté e então começou os preparativos para a grande contenta. Quando escolhiam uma árvore para fazer uma prancha para deslizarem no Ipiaú, o artesão depositava um Ariocó, peixe vermelho que habita a foz dos grandes rios, no seu tronco para logo depois derrubar a árvore com um machado de pedra molhado na seiva vermelha da Biquiba, árvore que sangra igual gente. Depois enterravam o peixe entre suas raízes que é oferecido aos Deuses como uma prece em agradecimento pelo presente. Para fazer a prancha, além da extrema habilidade manual do artesão, era necessária a utilização de inúmeras ferramentas como pedra, madeira e pedaços de corais.
Tanto os Potiguar, quanto os Taba-yara eram exímios nadadores e por todos os lados vários guerreiros se apresentavam com suas pranchas de madeira no dia da prova. Extraídas de árvores como a Fruta-pão e Pau Paraíba, faziam as pranchas menores; e com o Vinhático, Aderno e o Cedro, confeccionavam as pranchas maiores. Muitos eram os favoritos para desempenhar um bom papel, mas nenhum melhor que Arumã, Pajé da tribo Taba-Yara. Mas no dia da prova ele acordou bastante apreensivo. Não pelas expectativas da tribo pelo seu desempenho, mas pelo sonho que teve com Yama, o Senhor da Morte.
- Amanhã sua filha irá pedir a sua prancha e você não negará o seu pedido Arumã.
Arumã acordou desolado. Sua filha Jacira era o bem que ele tinha como o mais precioso. Muito jovem ainda para tentar brigar com guerreiros valorosos, todavia não tinha como contestar sua fluidez na água. Mas definitivamente esta luta era para guerreiros.
Ao meio dia, hora que todos estavam na margem do rio esperando as palavras dos Deuses, Jacira olhou para seu pai Arumã e pediu:
- Pai, me deixa pegar a sua prancha enfeitada com penas de tucano?
Não adiantou nada Arumã colocar no bico uma caveira de um tucano e suas penas para fazer Jacira desgostar de sua prancha. Longe de negar desejos de Yama, Arumã cedeu a prancha a Jacira e se resignou nas margens do rio enquanto Jacira remava feliz sobre as águas barrentas.
De repente, não mais que de repente, um vento frio e sinistro correu pelo rio e toda a ira dos Deuses se fez presente numa voz trovejante que ecoou por toda floresta:
- Como ousam nos perturbar com disputas mesquinhas e vãs? Nós, Deuses, temos mais com que nos preocupar do que assistir ao insano teatro dos humanos. Sobe o rio agora a voz da minha fúria para vocês.
Após o término do discurso celestial, seis gigantescas ondas subiram o Rio Ipiaú arrastando tudo por sua frente, destruindo tudo que estava parado nas margens. Alguns índios sucumbiram arrastados pela fúria do rio, outros perderam completamente o tempo das ondas e foram atropelados por elas, mas muitos guerreiros conseguiram deslizar com as ondas usando as suas pranchas de madeira.
Jacira escapou de ser varrida por duas ondas mas conseguiu ir com a terceira onda e de pé se equilibrava na sua prancha, ora avançando, ora recuando seu leve corpo sobre o tronco de madeira e desta forma a prancha se mantinha em equilíbrio e continuava avançando com a onda. Alguns surfavam de pé, outros surfavam deitados, e tinha ainda um guerreiro que surfava de joelhos. Corpulentos guerreiros uniam-se a franzinos meninos sobre as ondas. Todos eles possuíam em comum uma estranha força que brotava da emanação vital dos Deuses, os índios chamaram este fenômeno de Poroc-Poroc. O simples ato de deslizar sobre as ondas do rio deu origem a um brinquedo chamado surf e a uma história de amor entre as ondas, os ventos, as correntes marinhas e o índio.
Que atividade que parece simples. Apanhar uma onda no mar. Interagir com a água que brota em forma de onda do fundo do oceano. Muito mais difícil do que pegar uma onda é tentar entender a dimensão que este simples fato pode influenciar tanto a consciência quanto à personalidade de um ser humano.
Estávamos eu, Abaeté, e Jaguarão esperando rio acima os ganhadores de uma prova onde não houve perdedores. Ganharam todos os que provaram daquela força mágica que brota do oceano. Os guerreiros que conseguiram surfar até o fim das ondas tiveram em sua homenagem os corpos cobertos com pasta de erva-doce e flores de Ipê. Jaguarão se apaixonou completamente por Jacira, ato que foi severamente repreendido por Abaeté:
- Você é como uma criança querendo alcançar a Lua, não anseie por aquilo que você não pode ter Jaguarão.
Ao entardecer, quando as duas tribos unidas comemoravam e celebravam a vida, depois da misericórdia dos Deuses, Jaguarão olhou para Jacira, fitou-a diretamente na alma e declarou:
- O Luar é o seu sorriso, a Terra e o Céu a sua ilusão. Apaixonei-me desde que senti seus olhos em mim pela primeira vez e embora tenha saído do ventre dos Deuses, só conhecerei os céus quando a tiver nos braços. Apesar de te conhecer agora, meu amor é imenso como o Espaço, vasto como o Tempo. Farei tudo o que quiser se me conceder o privilégio do amor.
Após dizer isto, Jaguarão sentiu uma mão cair sobre seu ombro com todo o peso do Tempo. Era Arumã:
- Se me pedisse de presente toda a Terra, com seu cinturão de mares eu lhe daria pela sua bravura Jaguarão, e acredite é mais fácil para mim lhe conceder isto do que a mão de minha filha. Mas ela é soberana e sábia em suas decisões, deixarei que ela decida o seu próprio destino.
- Meu pai, desde que conheci Jaguarão vejo estrelas em seus cabelos para meus novos olhos.
- Acordei hoje pensando que te perderia para Yama minha filha, mas é com felicidade que vejo que vais com Jaguarão. Cresça e prospere em um corpo feliz.
Arumã fez cessar o cheiro de peixe que sua filha possuía, e a tornou fragrante como a flor e imediatamente por toda a aldeia se espalhou e se sentiu o perfume das flores na estação que não havia flores e a esta menina, alva como os raios da Lua, batizou de Flora.

Sanuma em Alemão (Revisado) Thanks Rainer!

Sanumá

In einem Reich, in dem Bienen die Blumen verschwenderisch mit ihren Pollen bestäubten, dort lebte so ruhig friedlich wie Bienen die schöne und duftende Blume Sanuma, die bekannt war als Flor do Sonho, Blume der Träume. Sie war so schön und liebenswürdig wie ein großer Baum, der seinen dichten Umhang aus schützenden Blättern und seine köstlichen Früchte für alle öffnete. Eine Indianerin, deren Schönheit andere Frauen gewöhnlich erscheinen ließ und deren Eitelkeit beschämend machte.

Trotz ihrer Gebete hatte Sanuma nie einen Mann getroffen, der sie interessierte, denn sie waren alle kapriziös, unbrauchbar und eitel, aufgeblasen von Stolz und mit sich selbst beschäftigt. Eines Tages, ermüdet von ihrer Einsamkeit, sagte Sanuma ihrem Vater: „Großer Meister und Vater Ianoama, Häuptling des Stammes der Ianomami, ich weiß, dass ich gehorsam sein soll, aber ich wünsche mir meinem Schicksal zu begegnen. Ich werde fortgehen und komme nicht zurück, bis ich meinen Gefährten gefunden habe.“

Ihr Vater protestierte nicht. Er dachte an den großen Moment ihrer Geburt und auch an die anhaltende Zeit von Frieden und Gemeinschaft mit den benachbarten Stämmen. Da er keine Einwände fand erlaubte Ianoama seiner Tochter die Abreise. Er wählte ein Gefolge aus, dass sie begleiten sollte: einen Führer, einen Jäger, einen Seher, der die Fähigkeit hatte, sich in allen Sprachen der Menschen, Pflanzen und Tiere zu verständigen und den Schamanen Xama Shypaia, den ruhmreichsten im ganzen Amazonasdschungel, der Mitteilungen durch Träume senden sollte.

Durchdrungen von ihrem Wunsch und ihrer Sehnsucht durchstreifte Sanuma die meisten der vielen Stämmengebiete und Dörfer, um jemanden zu finden, der ihren Durst auf Liebe zu stillen vermochte. Sie beschloss, die Weiten jenseits der Grenzen ihres Reiches zu erkunden und die Berge mit den undurchdringlichsten Wäldern, die man kannte. Sie trat in den tausendjährigen Dschungel ein, wo die Wurzeln lang waren und wo jeder Baum sich unter dem Gewicht seiner üppigen Blüten beugte, wie unter einem zarten Widerschein der Götter.

Dort traf sie den Bara-Stamm, der sich in das Innerste des Dschungels zurückgezogen hatte, nachdem sein Häuptling Kina das Augenlicht verloren hatte und seinen Stamm nur mit seinem Geruchssinn führte. Als sie Nimam den Jäger erblickte, den Sohn des Kina, sahen sie sich beide in die Augen, einer dem anderen, und jeder wünschte, den anderen bis in die Ewigkeit zu sehen. Sanuma erkannte sogleich in den Augen von Nimam, dass ihre Suche beendet war.

Eine Woche zusammen mit Nimam war mehr als genug für Sanuma, um fest überzeugt zu sein, dass er die Antwort zu all ihren Fragen und das Schicksal ihrer gesamten Reise war. Und Nimam erkannte sogleich in Sanuma einen Pfad zum Paradies, einen Pfad, der sonst nur von den Göttern beschritten wurde. Auf dem Angesicht der Erde würde es nie eine Trennung zwischen ihnen geben können.

Sanuma kehrte zu ihrem Vater zurück um ihm von ihrer Entscheidung zu berichten, Nimam als ihren Gefährten zu nehmen und mit ihm im Herzen des Dschungels zu wohnen. Ianoama war zuerst nur verzweifelt, als er an die Trennung von seiner einzigen Tochter dachte, aber fand Frieden in dem Wissen, dass dieser Mut, der vom Herzen genährt wurde, unbesiegbar sei. Er besuchte Shypaia den Schamanen, der Sanuma begleitet hatte, und fragte ihn nach Nimam.

„Ianoama“, sagte Shypaia, „Nimam wurde im Herzen des Dschungels geboren und hat immer dort gelebt. Der Name seines Vaters ist Kina, Häuptling des Bara-Stammes. Er ist gutherzig und gerecht. Er ist schön wie der Mond und hat die Energie und die Kraft der Sonne. Er ist so großzügig wie Gaia, er hat den Mut eines jungen Jaguars und ist so geduldig wie die Zeit selbst. Er besitzt nur einen einzigen Mangel: genau in einem Jahr wird Nimam sterben.“

Der Häuptling traf sich mit seiner Tochter, enthüllte ihr die Wort von Shypaia und schlug vor, dass sie ihre Wahl änderte.

„Heirate nicht ins Elend, Tochter.“

Sanuma antwortete: „Es gibt keine andere Wahl, mein Vater. Ob sein Leben kurz oder lang ist, ich werde Nimam als den Gefährten meines Herzens nehmen.“

Angesichts der Entschlossenheit seiner Tochter wurde Ianoama still und angesichts der kurzen Zeit, die dem Leben seines künftigen Schwiegersohnes noch bleiben würde, traf er zügig Vorbereitungen für den folgenden Morgen. Er würde seine Tochter bei ihrer Rückkehr ins Herz des Dschungels begleiten, um an den bevorstehenden Festlichkeiten für das Paar teilzunehmen. Häuptling Kina bemerkte als erster die Rückkehr von Sanuma, mit ihrer fröhlichen und sanften Stimme, gleich einem Vogels bei Tagesanbruch, ein Wispern im Wind, nur hörbar für Kina. Wie wird so ein süßes Mädchen fähig sein, so tief in einem Dschungel zu wohnen?

„Nimam mein Sohn, erkläre es deinem alten Vater. Wie wirst du ihr beistehen, um im Dschungel zu wohnen?“

„Mein weiser Vater, sie weiß ebenso wie ich, wie Freude und Trauer ihrem Ablauf folgen, wo immer wir auch sind. Bitte beschäme mich nicht mein Vater. Und zerstöre nicht die Hoffnungen des Mädchens.“

Das Entflammen der Leidenschaft verwirrt den Verstand, und nur die Zeit schafft es, unsere Herzen wieder freizulassen. Liebe ist schwieriger zu fangen als ein Kolibri. Davon wussten Kina und Ianoama und ohne Umschweife beschlossen sie die Zeremonie zur Vermählung ihrer Kinder. Wenn das Beste mit dem Besten verbunden wird, kommt das Glück von selbst. Reichlich ausgestattet mit Liebe und geschenkten Tagen voller Freude ging das restliche Jahr von Nimams Leben so schnell vorüber wie ein fallender Stern. Wer weiß besser von der Teilnahmslosigkeit der Zeit als ein Opfer der Liebe?

Sanuma behielt ihr Geheimnis für sich und hielt nur inne, um die Tage zu zählen, die wie Sand durch ihre Finger flossen. Erst wenn sie alleine war, würde sie ruhen.

Am Tag vor dem Eintritt des Todes fiel Sanuma nicht in Schlaf; sie verbrachte die Nacht wachend um ihren Ehemann zu betrachten bis er erwachte.

Sie machte ihm Kaffee am Morgen. Sie gab ihm Fruchtbrot, Honig von Jatai (einer kleinen feinen Biene), Kaffee, Graviola der Macarunda, lieblich wie die Morgenbrise, Sonnenblumenkerne rösteten in der Sonne und Cashewnüsse über Brennholz vom Ipebaum. Sanuma konnte nichts essen; ihre Gedanken wanderten und wanderten, als ob in einem Zimmer auf einer Tafel zu lesen wäre „HEUTE IST DER TAG“.

Als die Sonne ein Handbreit hoch war entschied sich Nimam auf die Jagd zu gehen. Sanuma drängte sich auf, ihn zu begleiten und versuchte seine Pläne zu ändern. Nimam willigte ein anstelle der Jagd zusammen mit ihr beim Wasserfall Fische zu fangen.

Die dichten steilen Pfade zwischen den Hügeln enthüllten Ausblicke in die weiche, helle Sonne, die den tiefen Dschungel durchdrang. Nachdem sie zwei Hügel von beträchtlichem Ausmaß überquert hatten, erschienen vor ihnen die Wasserfälle von Jeribucaçu, eines magischen Flusses, ein Band der Liebe zwischen den Ozeanen. Aber das ist eine andere Geschichte, und jetzt erzählen wir das Drama von Sanuma, Flor do Sonho, und von ihrer mutigen Begegnung mit Yama, dem Herrn des Todes, dem, vor dem man fliehen sollte um alle Gefahren zu vermeiden.

Wir kehren zurück zum Jeribucaçu mit seinen Stromschnellen, zum größten Wasserfall des tausendjährigen Dschungels. Mit seinem warmen Wasser und seiner Erzen geschmückter Farbe war er wie eine unwiderstehliche Einladung hineinzutauchen.

Sie sprangen, sie schwammen, und spielten. Die Ewigkeit hielt niemals so sehr die Zeit auf der Erde an wie in diesem Moment bei den beiden. Ach, Ewigkeit. Sie hält ihre Wurzeln von den Reichweiten der Menschen fern. Yama kümmerte sich inzwischen um das Glück des Ehepaares. Ein Glück, das Orchideen dazu bringen konnte, in der Wüste zu blühen. Ahnungslos über den Beobachter, voll von Süße, beobachtete Sanuma alle Nuancen von Nimams Seele.

Als er aus dem Wasser herauskam, empfand Nimam ein leichtes Frösteln. Er trocknete seinen Körper mit einem Tuch aus Marcela-Fäden und er spürte Kopfweh. Er lag an Sanumas Brust. Das Licht störte ihn und brannte in seinen Augen. Sanuma bemerkte es und beschattete ihn mit ihrem Gesicht, und dieser Schatten gewährte Nimam seinen letzten Blick: das innige Licht von Sanumas Augen.

Beim Schließen seiner Augen veränderte sich sein Gesicht und erbleichte für einen Moment. Kurz kehrte die Farbe in sein Gesicht zurück und mit seinem Kopf zu Sanuma gewandt ging Nimam ruhig dazu über zu schlafen. Sanuma murmelte mit einer traurigen, rythmischen Stimme Huldigungen von Liebe und Qual an den Indianer, der ihre Seele und ihre Ruhe genommen hatte.

Vom Dschungel aus beobachtete ein großer, starker Mann Sanuma mit festen, dunklen Augen. Plötzlich bemerkte Sanuma die glänzenden Funken, die seinen Körper bedeckten, wie die Lichter der Sonne auf einem See in einem schillernden Gemälde, Edelsteinen und Perlen gleich. Yama stand über dem Meer des Dschungels wie der Mond, majestätisch und ganz in Weiß gekleidet. Er blickte voll Geduld und Anmut auf Nimam und dies beruhigte Sanuma.

„Viel hat er gelebt und selten ward er gesehen“, sagte Yama, „der ewige Pflanzer von Blumen und Dornen auf unserem Pfad, der Gott der Liebe. Mit seinen Blütenspitzen überwacht er den gewaltigsten Bogen der Welt. Obwohl sie vielleicht nicht aus Zuckerrohr und nur aus einer Schnur nicht dicker als ein Spinnenfaden gemacht worden sind, tragen diese Pfeile das Gift der magischen Verzauberung der Liebe“. Yamas Worte überraschten und bezauberten Sanuma angenehm. Niemanden fürchtend, erklärte Sanuma ihre Überraschung: „Ich stellte mir immer vor, Sie wären eine Frau!“

„Nein meine Liebe! Frauen vermitteln das Leben, weil sie das Wissen über die Heilung in sich tragen um es weiterzugeben. Männer nehmen es. Aber uns müssen einige überlieferte männliche Züge erlaubt werden, von angestammter ererbter Gewalt, die dann in Wettkämpfen, Überlebensjagden und unzähligen Kriegen zum Vorschein treten. Männer bringen immer Tod hervor, so wie Frauen Leben schenken.“

„Herr Tod, ich bin Sanuma.“

Yama lächelte und antwortete zärtlich.

„Ich kenne euch beide, Flor do Sonho, seit einer langen Zeit. Ich erinnere mich an vergangene Leben, du nicht. Aber jetzt hat der Pfeil meinen Speer geführt. Nimams Tage haben sich erfüllt und ich kam, um ihn zu holen.“ Yama setzte seine Hand auf Nimams Brust über dem Herzen und entnahm seine Seele, ein Etwas nicht größer als eine Hand, das Yama mit seinem Seil festschnürte. Als Nimams Seele eingefangen war, atmete sein Körper nicht mehr. Yama kehrte zum Dschungel zurück und Sanuma folgte ihm an seiner Seite.

„Geh, Flor do Sonho, und bereite das Begräbnis vor.“

„Ich habe sagen gehört, dass Sie der erste Mann sind, der starb und dann den Pfad des Lebens fand und nicht wieder gefangen werden kann.“

„Es ist wahr“, sagte Yama, „aber jetzt geh zurück, Flor do Sonho. Du kannst mir jetzt nicht mehr folgen. Du bist frei von jeder Beziehung oder Bindung mit Nimam.“

„Jeder, der jemals geboren wird, muss Ihnen eines Tages folgen, Herr. Erlaubt mir, Euch nur ein wenig weiter wie ein Freund zu begleiten.“

Yama hielt an und drehte sich, um Sanuma langsam zu betrachten. Ihr goldener Körper strahlte den Duft einer Orchidee in den Nebeln des Frühlings aus. Er erinnerte sich an das so unendlich glückliche Paar, nur wenige Stunden zuvor beim Wasserfall.

„Du hast recht, Flor do Sonho, du fürchtest mich nicht. Ich nehme es an – wie ein Freund, und im Austausch nimm ein Geschenk von mir an, das ich dir demütig biete. Aber ich kann Nimams Leben nicht zurückbringen.“

„Diese Freundschaft wird nach nur elf gemeinsamen Schritten besiegelt sein“ sagte Sanuma, „wenn nur Kina von seiner Blindheit befreit würde.“

„Es ist schon vollbracht. Jetzt geh zurück, denn du bist müde.“

„Kein Bisschen. Ich war bis zur letzten Minute mit Nimam. Gewähren Sie mir nun die Erlaubnis, ein wenig mehr mit Ihnen zu gehen.“

„Ich gewähre es. Ich nehme immer weg. Aber es ist auch gut, geben zu können. Es ist nicht schwierig, zu geben. Wenn Leben endet und allen Bedürfnissen entsprochen ist, dann versteht man zu geben und es ist nicht schwer.

Sie gingen Richtung Norden. Sie kamen zum Rand einer Quelle und Yama gab Sanuma aus seiner hohlen Hand zu trinken. Er bot Sanuma Visionen von anderen Leben an. Vergangenheit oder Zukunft, sie hatte nur zu wählen. Doch sachte lehnte Sanuma das Angebot ab.

„Während des Lebens, Sanuma, gibt es Schmerz, aber nicht mehr im Tod. Das, was unter Schwierigkeiten entstanden ist, ist wert, dass es erhalten wird. Ich habe alles gesehen. Und ich weiß, dass dieses Wasser nicht reiner ist als dein Herz. Du kämpfst für deine Wünsche, entscheidest, wählst deinen Weg und gibst nicht nach. Du wünschst dir nicht, jemand anderes zu sein. Du besitzt einiges, was ich nie gesehen habe. Du kannst eine weitere Bitte aussprechen, Sanuma, irgendetwas, außer dem Leben von Nimam.“

„Dass mein Vater Ianoama lange in Jatoba leben wird und einhundert Söhne haben wird.“

„Er wird“, versicherte Yama, „aber frag mich nach etwas anderem, etwas für dich. Irgendetwas außer dem Leben von Nimam.“

Sanuma antwortete. „Dass auch ich einhundert Söhne mit meinem Ehemann haben werde.“

Yama hielt vor einem Ibiratanga Milenar um zu überlegen. Sanuma wusste nicht, was Yama mehr beeindruckte, ihre Worte oder der riesenhafte Baum mit dem gewaltigen roten Stamm.

„Flor do Sonho, ohne Nachzudenken, antworte mir und sag mir die Wahrheit: Wie willst du Söhne mit Nimam haben, wenn er tot ist? Aber du dachtest wohl nicht daran…“

„Nein.“

„Ich weiß. Aber er hat kein Leben mehr in sich. Es ist alles vorüber.“

„Das ist einerlei, Herr, ich bitte um nichts weiteres. Ich, die ich halb tot bin, fordere nicht soviel vom Himmel.“

Yama seufzte.

„Zwei Sachen halten Männer davon ab, genau zu wissen, was sie machen müssen. Das eine ist das Verlangen, das den Geist blendet und den Mut kühlt, das andere ist die Angst, die im Angesicht der Gefahr den Dingen ihren Lauf läßt. Doch Gunst ist bei einem Mann der Wahrheit nie verloren. Ich bin zu allen Männern völlig gleich. Ich weiß mehr von der Wahrheit und der Gerechtigkeit als jeder andere. Ich weiß, dass die ganze Vergangenheit und die ganze Zukunft in Wahrheit verbunden sind. Wie viel ist dein Leben wert ohne Nimam?“

„Nichts Herr, ohne Fröhlichkeit verdient menschliches Leben nicht den Namen Leben.“

„Übergibst du deine halben Tage auf der Erde an mich?“

„Ja, sie gehören Ihnen. Was bedeutet es schon zu sterben, jung oder alt, wenn Sie mit allem Wissen sagen müssen, dass Sie nie gelebt haben? Sie können nicht von Leben sprechen, wenn Sie die Vergnügen des Lebens nie geschmeckt haben.“

Plötzlich richtete Yama seinen Blick intensiv auf Sanuma. Sie fühlte die Schwere seiner Augen auf ihrem Körper. Zuletzt sagte Yama:

„Es ist geschehen. Denn Liebe ist stärker als der Tod und länger als das Leben ist die Sehnsucht des Geliebten. Ich nahm deine geschenkten Tage und übergab sie an deinen Mann, so wie er war. Willst du, dass ich dir die Anzahl dieser Tage sage?“

„Nein, denn keiner kennt besser als ich die quälende Verzweiflung, die Zeit unaufhaltsam verrinnen zu sehen.“

„Der Geist von Nimam ruht bei dir, Flor do Sonho. Es wird an dir sein, ihn zurückzuführen. Aber bevor du gehst, leiste mir für eine kleine Weile Gesellschaft und ich werde dir die Arbeit der tödlichen Armee der Götter zeigen.“

Sanuma lernte viele Mantras und Beschwörungen. Mantras, die die Seele aus dem Körper ziehen und außerhalb halten können sodass sie in der Fläche der Hand pulsieren. Yama enthüllte seinen wahren Namen zu Sanuma, aber er riet ihr, ihn nie ohne Bedacht auszusprechen, da er unvorstellbare Zerstörung verursachen könnte. Würde er enthüllt, würde alles was in Wörter gefasst werden kann sofort und für immer verschwinden. Danach entdeckte Sanuma alles, was den Shipaya bekannt ist, und sie wurde mit der Aufnahme dieses Wissens in die tausendjährige Weisheit der Geheimnisse der Xamas eingeweiht.

Yama sagte Sanuma Lebewohl und setzte seinen Weg durch das Reich des Todes alleine fort, wie ein Lasso, das doch nichts fängt. Es war schon dunkel, als Sanuma durch ein finsteres unheimliches Gehölz kam, wo die Blätter wild im Nachtwind murmelten. Nimams Leichnam lag gefroren im Sternenlicht. Sie setzte den Kopf ihres Mannes auf ihre Brust und wärmte seine Haut mit ihrem zarten Körper. Nimam öffnete seine Augen und blickte Sanuma mit einer Freude an, die so innig war, dass sie eine tiefe Sehnsucht löschen konnte.

„Ich verbrachte den Tag schlafend, meine Blume. Ich hatte einen seltsamen Traum, in dem ich auf einem schmalen Pfad wegging.“

„Das geschah auch so“, sagte Sanuma.

„Es war kein Traum?“

„Nimam, ich kann nur für mich sprechen, niemals für dich. Reden wir, wenn wir nach Hause kommen.“

Yama war zurückgekommen um im Wald versteckt das wiedervereinigte Paar zu sehen, bevor er sie verließ. Er wandte seinen Blick zur dichten Finsternis des Waldes und sagte:

„Warum starrst du mich an, Ewigkeit? Findest du, dass ich meine Urteilskraft in meinem hohen Alter verloren habe? Dieses Paar vermittelte alles, was über die wahre Verzückung des Lebens gesagt werden kann. Der Versuch, diese Liebe zu unterdrücken, wäre wie das Entwässern eines Strudels von seinem Strom. Warum gibt es immer Unentschlossenheit und Zweifel in Sachen der Liebe?“

Aus der Dunkelheit trat die in nahezu undurchdringliche Verkleidung gehüllte Ewigkeit. Sie ging zusammen mit Yama. Sie erreichten ein steiles Flussufer und setzten sich.

Es liegt in den Strahlen des Mondes, der die ganze Nacht durch scheint, dass wir bei dem wahrsten Herz von allen bleiben, von allen die es gibt. Ewigkeit lächelte in den Fluss, der vor ihnen floss. Ein fröhliches Lächeln heiterte ihr Gesicht auf.

„Männer zeigen der Welt ihre Geschichte nicht wie einer, der tut und redet“, sagte Yama, „sondern mehr wie einer, der zeigt, was es ist“. Der wahre Krieger ist sich seiner rechten Wahl des rechten Pfads bewusst. Denn ein intensives SEIN wird in einem umfangreichen TUN erkannt. Ohne dieses Wesen, ohne dieses Licht, kann ein Mann alles von außen betrachten und doch nichts begreifen, ebenso wie ein des Lesens und Schreibens Unkundiger in den großen Bücher der Menschheit blättern kann ohne zu verstehen.“

„Du musst nichts vor mir rechtfertigen Yama. Ich habe einige gute Gründe für die Liebe, sie ist meine alte Freundin aus einem anderen Leben und sie ging mit mir bevor sie ein wenig verblassste. Der Vogel, der sich nach vorne neigt, will fliegen. Aber erkläre mir eines, Yama: Was in diesem verrückten Leben ist so gemacht wie das menschliche Herz?“

„Das Leben ist wie heißes Eisen, formbar, bereit geformt zu werden. Wähle die Form, und das Leben wird das Feuer entzünden. Nicht äußerliche Taten zeigen wahre Tapferkeit, sondern die inneren Einstellungen. Um ein Wohltäter der Menschheit zu sein, muss man nur gut sein.“

Yama blies Staub in den Wind, fühlte über sich ein Fallen von großen Blättern ins Gras und fragte Ewigkeit:

„Und du, der du die Zeit verachtest, bist du nicht müde, zu leben?“

„Zeit ist ein endloser Ozean, aber wo trifft sie eine auf Insel? Leben geht vorbei und ist wankelmütig. Manchmal, Yama, wenn ich den Wind vorbeiziehen höre, und ich spüre ihn nur im Geräusch, finde ich, dass es sich lohnt zu leben. Ich nehme den natürlichen Lebenswillen der Blumen, die nur mit dem Blühen beschäftigt sind.“

„Ewigkeit, du, die erfahrener ist als ich, und die nach meinem Abschied weiterreisen wird, höre meine Frage: Kennt jemand die Zukunft?“

„Niemand kennt die Zukunft, Yama. Wie du habe auch ich Geduld und Hoffnung, dass Er sich um mein Antreffen kümmert. Die Vergangenheit ist unbewohnbar, aber das Licht der Dämmerung erleuchtet den Widerschein von all den Jahrhunderten; ich habe die Gegenwart als Gesellschaft, einen einmaligen Moment, in dem Menschen unseren Pfad zu unserem Bild neu erschaffen und wieder beleben können, und all die Farben tragen, und alle Geschmäcker kosten, und die ganze Liebe ohne vorgefasste Meinung oder Sehnsucht sammeln können. Alter, das im Leben flüchtig ist, wird einmalig und ausschließlich gegenwärtig genannt und erfordert die Dauer eines Augenblickes, um vorbeizueilen. Leben besteht in einem Augenblick. Verliere es nicht einen Moment aus den Augen und sehe allem, was du dir wünschst schnell ins Auge, denn Glück ist so flüchtig wie der trocknende Tau.“
Und niemand sprach weiter. Die sanfte Melodie vom Rauschen eines Baches schwebte über der tiefgründigen Ruhe, die in alle Teile fiel, noch bevor die Klänge sie erreichen konnten, und alles wurde so dunkel wie die Mitternacht, still und ruhig, als ob ein Gott schliefe.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Lírios no Rio

Lírios no Rio


Lírios que a corrente vai levando,
venho fazer um pedido: Quando


vires sentada a sombra hospitaleira
de uma grande e florida caneleira

aquela que, numa ânsia de desejo,
me embriagou, um dia, com seu beijo,

diz pra ela que, de seu encanto sou escravo,
hoje a minha existência se resume
em aspirar as pétalas de um cravo

nas quais busco o sabor do seu perfume.

A estoria de Arawate - Homem Arvore

. O pajé Arawaté descende da Tribo Guanás, tribo que possui o inconversável idioma das pedras. Uma linguagem sutil, a que melhor abrange o silêncio das palavras. É uma língua adorável, mas leva muito tempo para se dizer alguma coisa com ela. Os Guanás não dizem nada com ela, a não ser que valha a pena gastar um longo tempo para dizer e para escutar. Apesar de ter um baixo volume para os ouvidos desatentos, a Língua Guanás continha um murmúrio, como se dentro de suas palavras corresse um rio entre pedras. Para os Guanás, a palavra nada mais é que um mero veículo para alcançarmos o reino mágico, onde a união entre o silêncio e o indizível que nos resgata da banalidade do cotidiano. O rumor das palavras é muito mais importante do que o sentido que elas tenham.
. Quando jovem Arawaté saiu de sua aldeia à procura de penas de Anapuru, uma ave mística e extremamente rara, mas indispensável para terminar seu cocar de poderosas virtudes mágicas. Mesmo dentre centenas de outras penas, uma única pena de Anapuru é capaz de transformar e potencializar o cocar, tal a sua eficácia. Levou consigo na sua busca apenas dois instrumentos mágicos: um abridor de amanhecer e uma fivela de prender silêncio.
Caminhou muito, teve que ir até a unha do dedão do pé do fim do mundo onde encontrou o Anapuru, a mais cara e rara de todas as aves. Enorme e formosa, tinha penas que exibiam quase todas as cores da floresta com grande perfeição e harmonia. Penas amarelas, vermelhas, azuis, pretas, verdes das mais variadas tonalidades salpicadas e espargidas por todo o corpo.
Para colher a pena foi fácil. Arawaté foi até o ninho e colheu muitas penas mágicas de diversas cores. Duas pretas e uma vermelha para o seu cocar de guerra, uma pena preta e duas amarelas para o seu cocar de sonhar... Uma das penas Arawaté separou especialmente para a confecção de uma flecha encantada. Ela sempre retorna às mãos, manchada de sangue do inimigo. Mas se atirada quando a vida do arqueiro não correr grande perigo, a flecha haverá de se voltar contra ele.
. Ele montou um cocar todo verde para celebrar a alegria de sua busca e, apesar de ser uma noite extremamente escura onde o bacurau feridava o silêncio e as estrelas repousavam como flores de luz no lago profundo do céu, Arawaté pegou seu caminho e feliz retornou para sua aldeia.
. Na verdade, a Noite desempenha um papel revelador. Somente no escuro se vê o que a luz do dia oculta. Exausto e com uma estranha sensação de sufocamento que tomou conta dele, como se o ar fosse muito escasso e rarefeito, e diante de um milenar Cedro, Arawaté parou para descansar.
. As árvores são ricas em um conhecimento próprio. Têm poderes de outorgar sonhos visionários ou proféticos. Algumas árvores dão acesso ao mundo do passado, árvores que guardam na alma secretamente inscritas todas as lembranças memoriais de Gaia. A árvore conjuga em si as potências da Terra, do ambiente, do céu. Apesar de cada árvore ter sua personalidade única e própria, elas têm uma característica comum: delas emana muito amor. A visão do mundo mágico da Natureza é um alimento para a alma e existem árvores que são verdadeiros centros destiladores de energia. A contemplação de uma árvore permite ao observador se transformar interiormente. Não há maior modificador de consciência que a observação das forças mágicas da Natureza. Os atos humanos aparentemente grandiosos e magníficos se revelam estarrecedoramente insignificante na perspectiva dos vegetais e da Eternidade.
. E o que falar sobre o Cedro de vasto tronco cinza e flores amarelas que já presenciou o alvorecer e o crepúsculo de mais de dez mil primaveras? Carregados de flores que funcionam como receptores de atividade celeste, bem intensa nesta noite sem Lua, os seres vegetais são capazes de perceber e reagir ao que acontece em seu ambiente a um nível de sofisticação que ultrapassa em muito a sensibilidade humana.
. Antes de dormir, Arawaté cobriu o corpo com um musgo que cobria as raízes daquela árvore anciã, a fim de se proteger dos mosquitos e muriçocas que infestavam a noite quente e úmida da mata. Ingenuamente, sem reconhecer esta antiga tradição ancestral das árvores, que cobrir o rosto e o corpo com o musgo das raízes é sinal de reconhecimento e amizade. O Cedro manifestou sua satisfação fazendo vibrar suas folhas, e suas flores se abriram como se uma primavera inteira florescesse num segundo, exalando mais ainda o seu aroma. Seu odor foi tão profundo que levou o espírito de Arawaté numa exaltação perturbadora. Uma curiosa sensação de bem-estar que penetrou Arawaté com sua carícia. É na Terra que dormem os oráculos. Das brumas surgiu Ê-vê, um senhor idoso vestido com alguma coisa semelhante a uma casca de árvore ou se aquilo era seu couro é difícil de dizer, e com um pássaro bravio no ombro. Quando Ê-vê apareceu, as árvores ergueram seus galhos, e todas as folhas estremeceram e farfalharam. Ê-vê murmurou com a sua voz profunda como um instrumento de sopro muito grave para Arawaté:
. -Em verdade a Terra é a Grande Deusa e a Grande Prostituta. Ela se entrega a todos, mas ninguém a possui jamais. Eu sou Ê-vê, o espírito das árvores, cavalgo o dragão que vive no fundo da Terra. Aqueço e alimento o fogo que faz brotar a vida do chão. Imperecível é o espírito da profundeza, como o seio profundo da maturidade. Céus e Terra radicam no seio da mãe, são a origem de todos os vivos, que espontaneamente brotam da Vida. Faço-me crer pobre e dura, cruel e distante, possessiva e voraz, mas os que se entregam a mim sem reservas, com todo amor, dou meu leite fluídico mesclado de raios lunares, estrelares e solares. Respira-me enquanto exalo meu fôlego, pois ele é habitado por forças de um poder inimaginável. Concedo inspiração, conhecimentos e oráculos, pois na seiva das árvores circula impregnada com as vibrações dos planetas e das estrelas. Em seu tronco está escrito o devir celeste. As árvores são antenas de Gaia e as flores os seus olhos. As árvores tudo realizam e nada consideram seu. Tudo fazem e não se apegam a sua obra. Não se prendem aos frutos de sua atividade. Terminam as suas obras e estão sempre no princípio e por isto suas obras prosperam.
. A sensação que Arawaté teve ao ver os olhos de Ê-vê era como se houvesse um oceano atrás deles, cheios de eras de memórias e de um pensamento constante, longo e lento como as ondas; mas, na superfície, faiscava o Presente como o sol tremeluzindo na face de um lago prateado, ou nas folhas externas de uma imensa árvore. Ê-vê era um Deus que não exigia adoração e não punia ninguém; ele apenas propunha e lembrava que existir é uma graça infinita, e que a Morte, longe de ser temida, é a continuação natural da felicidade de viver.
. - Posso ver e ouvir, cheirar e sentir muita coisa ainda. Onde eu fico, olho ao redor, nas manhãs agradáveis, e penso no sol, e no Campo Cheiroso além da floresta, e nos gaviões e nas nuvens, e no desabrochar do mundo. O que está acontecendo? O homem branco – prosseguiu Ê-vê – já não me honra mais. Quantas árvores derrubadas e queimadas pela estupidez humana. Algumas eles apenas cortam e deixam apodrecer. Ele me corrompe, me corrói, me saqueia e me abandona. O homem se tornou meu parasita. Há restos de tocos e queimadas onde já existiram bosques cantantes. Com ele já não posso me comunicar como faço com você, Arawaté. A sabedoria milenar dos vegetais está situada no infinito de nós mesmos.
. Dito isso e antes de se esvaecer por completo deixando Arawaté completamente embriagado por suas palavras, Ê-vê lhe serviu o néctar da imortalidade, uma bebida que manterá Arawaté verde e crescendo por um longo, longo tempo, oferecendo preciosidades e toda espécie de ilusões e revelações. Depois Ê-vê transmitiu os caminhos para Arawaté resgatar este conhecimento; e, a partir desse momento, surgiram às sessões xamânicas que nos acompanham desde então, nos auxiliando no resgate dessa sabedoria milenar dos vegetais.
. A partir deste dia, a vida de Arawaté se transformou inteiramente. Sua cama era coberta por uma grossa camada de grama seca e samambaias. Era macia e quente e tinha um aroma delicado. Ele viveu por muito, mas muito tempo mesmo, comendo plantas e ervas-daninhas da floresta, e só comia as frutas que as árvores deixavam cair em seu caminho. Passava os dias meditando e fazendo amizade com todos os animais, aves e peixes do rio. Os menos interessados em si próprios são os melhores para interagir com os outros seres. Tinha como habilidade menor saber ler as estrelas.
. Certa feita um passarinho pediu para Arawaté ser a sua árvore. Arawaté aceitou feliz e honrado seu dever de árvore. Nestes dias Arawaté aprendeu de Sol, de Céu e de Lua mais do que em qualquer escola. Aprendeu com a Natureza o perfume de Deus. Arawaté se envaidecia quando era a árvore escolhida para o entardecer dos pássaros. Sob o efeito dos fascínios dos gorjeios dos pássaros, as árvores deliram. As árvores sabem que quando o pássaro está enamorado ele gorjeia. No gorjeio do pássaro inclui a sedução. As flores dessas árvores nascerão mais perfumadas. Estas árvores são provedoras de poesia como as aves e os ipês floridos na floresta. Arawaté agradeceu aos pássaros aquele “estar” árvore porque ele fez amizade com muitas borboletas.
. Um dia, enquanto Arawaté estava completamente absorvido pelo orvalho da manhã, um caçador o confundiu com uma caça e o surpreendeu flechando o seu braço. Com o olhar arregalado de espanto e deleite, Arawaté viu que, ao invés de correr sangue do seu braço, jorrava seiva. Embora não percebesse, quando ele dançava, sua dança contagiava a todos com sua energia e vigor e todos dançavam com Arawaté: os ventos, as nuvens, as ondas. Nada nem ninguém conseguia resistir a sua dança. Todos os animais e plantas, e até mesmo as folhas caídas no chão, embarcavam no seu ritmo. Arawaté sabia o nome de todos os ventos e conhecia todos os assobios de chamar passarinhos. A maioria das vezes ele era maleável e delicado como as folhas e flores, porém também sabia ser duro como as velhas raízes, quando o perturbavam. Ele nos legou este conhecimento da sabedoria ancestral do vegetal. Antes de Arawaté, as árvores estavam adormecidas, só sussurravam entre si. Arawaté começou tudo, despertando as árvores e ensinando-as a falar Guanês e aprendendo sua fala-de-árvore, compuseram várias músicas em conjunto, Arawaté e as árvores, numa longa cadeia dourada contínua de sons musicais.
. - Nada existe no mundo mais belo que a flor, nem mais essencial que uma planta – dizia sempre Arawaté – sei o nome original que recebeu cada planta quando a casca da Terra se abriu, oferecendo-se ao Céu. Tenho o calor delas todas correndo no meu sangue. A verdadeira matriz da vida humana é a vegetação que cobre a Terra. Do berço à sepultura, recorremos aos vegetais para comer, vestir, morar, ter energia, fibras, cordas, instrumentos musicais... As flores nos acompanham do nascimento ao casamento e até depois da morte. Percebi que as árvores são mais competentes em aurora do que os homens. Quem vaga pode conhecer caminhos, mas quem observa as estrelas pode vir a conhecer as direções, e digo ainda: é mais feliz quem descobre o que não presta do que quem descobre ouro. O homem realizado não tem desejos de dentro, nem exigências de fora. É prestativo em se dar e sincero em falar, suave no conduzir e poderoso no agir. Age com serenidade por isso é incontaminável. Devo agora viver sozinho na floresta. Assim, nem a alegria, nem a tristeza permanecerão em mim, nem o medo ousará ficar em minha presença. As árvores morrem eretas.
. Arawaté visitava o futuro das palavras, conhece instantaneamente o passado e o futuro de toda a árvore que vê, contava histórias de abelhas e flores, do jeito de ser das árvores e das estranhas criaturas da floresta. Freqüentemente sua voz se transformava numa canção, e as sementes se multiplicavam em suas mãos; dizia que era muito fácil receber o ensinamento das árvores. Era só contemplar o Universo com alma de criança. As crianças podem comandar os Deuses. Somente uma criança que vive dentro de nós é quem tem a chave que nos permitirá abrir a caverna onde dormem os tesouros de nossa alma. Cada espaço, cada lugar, cada árvore, pedra ou elemento possui sua caverna secreta, plena de conhecimentos. Basta se pôr em harmonia com eles e passar a ver. O mais árduo é acreditar que isto seja possível, isso é o mais difícil.
. A Natureza é o berço da alma e é só com o convívio com Ela, reflexo da imaginação divina, é que alguém pode se transformar interior e exteriormente. O Ego é o pior inimigo do Eu, mas o Eu é o melhor amigo do Ego. É ao sopro do Vento, ao correr das Chuvas, a mordência do Sol, ao mistério das Noites, ao sabor da Lua que se passa a queimar os venenos dos quais o Ego é o principal recipiente e esconderijo. O Ego é um péssimo senhor, mas é um ótimo servidor.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Arawate a busca


E esse?

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Um Poema Chines


EXORTAÇAO

Para não viver em vão
e sim num suave delírio,


se tiveres mais de um pão


vende um e compra um lírio.

Sanuma en espanol

Y como yo habia prometido, Sanuma en castellano!
Aprecien muchachos y muchachas!
Aloha!
Leo Jara

Sanumá, La Flor del Sueño

En un reino donde las abejas uruçús amarillas cargadas de néctar reposaban sobre las flores en todas partes, nadie jamás vio una flor tan linda y perfumada como Sanumá, también conocida como Flor del Sueño. Era bella y bondadosa como un árbol gigante que abre su capa de hojas delicadas y ofrece su sombra y frutos adulzados a todos. Era una india cuya belleza hacía que las otras mujeres pareciesen vulgares, avergonzando la vanidad de todas.
A pesar de sus encantos, Sanumá nunca encontró un hombre que le interesara interesase, porque eran todos desgarbados, frívolos y vanidosos, hinchados de orgullo y rígidos en su presunción. Un día, cansada de su soledad, Sanumá dijo a su padre, cacique de la inmensa nación Ianomâni:
- Gran maestro y padre Ianoama, sé que le debo obediencia , pero deseo ir al encuentro de mi destino. Partiré y no retornaré hasta encontrar a mi compañero.
El padre no se opuso. Sabia que en los extensos limites de su territorio y que a la vez las tribus vecinas vivían un prolongado período de paz y confraternización entre ellas. Sin poner obstáculos, Ianoama permitió la partida de su hija. Seleccionó la comitiva que la acompañaría: un rastreador, que conoce todos los caminos del bosque, un cazador, que se preocuparía de la alimentación, un soñador, que tiene la habilidad de comunicarse en todas las lenguas humanas, animales y vegetales además de enviar mensajes a través de los sueños, y el chamán Shipaya, un pajé de renombre por toda la selva amazónica.
Imbuida de su deseo , Sanumá recorrió las más variadas tribus y tabas en busca de alguien que saciase su sed de amor. Se decidió a explorar más allá de los límites de su reino y se adentró en las montañas llenas de vegetación más densa que se conoce. Entró en la floresta milenaria donde las raíces son profundas y cada árbol se curva sobre el peso de sus flores y oscila delicadamente en la atmósfera de los Dioses.
Allí encontró la tribu Bará, que se retiró al profundo de la floresta después de que el cacique Kinã perdiera la visión y pasara a guiar su tribu por el olfato. Fue en ese momento cuando conoció a Ninam, guerrero y cazador, hijo de Kinã. Ambos se miraran a los ojos y desearon permanecer así eternamente. Sanumá percibió inmediatamente en los ojos de Ninam que su búsqueda había terminado.
Una semana juntos fue más que suficiente para que Sanumá tuviera la más absoluta convicción de que Ninam era la respuesta a todas sus preguntas, el destino de todos sus caminos. En cuanto a Ninam, reconoció en Sanumá el camino que lleva al paraíso y que es usado solamente por los Dioses. No había fuerza alguna en la faz de la Tierra que los separara.
Sanumá retornó para comunicar a su padre su decisión de tener a Ninam como compañero y de su disposición de vivir en el corazón de la floresta. Ianoama al principio se desesperó solo al pensar en separar-se de su única hija, pero se quedó callado porque sabía que el coraje que es alimentado por el amor es imbatible. Fue a buscar Shipaya, chamán que había acompañado a Sanumá en su búsqueda y le pidió información sobre Ninam.
- Ianoama – dijo Shipaya – Él nació en el profundo de la floresta, y es en donde vive desde entonces. Su padre se llama Kinã, cacique de la tribu Bará. Él es bondadoso y leal. Bello como la Luna, posee la energía y el vigor del Sol. Es generoso como Gaia y tiene el coraje de un jaguar con crías, aunque también es paciente como el Tiempo. Él posee solamente un defecto y ningún otro: Ninam morirá dentro de exactamente un año.
El cacique se encontró con su hija le reveló las palabras de Shipaya y le sugirió que cambiase de idea.
- No te cases para su infelicidad, hija.
Sanumá contestó:
- No escogeré dos veces. Sea su vida corta o larga, en mi corazón ya tomé a Ninam como compañero.
Ante la determinación de la hija, Ianoama se calló. Debido al poco tiempo que restaba de vida a su futuro yerno, apuró los preparativos de la partida. Fue planeada para la mañana siguiente. Acompañaría a su hija de retorno al corazón de la floresta a fin de participar en la fiesta del enlace de la pareja. El cacique Kinã fue el primero en percibir el retorno de Sanumá. Su voz alegre y clara como el canto de un pájaro al amanecer llegó con el viento hasta los sensibles oídos de Kinã, que se quedó preocupado: ¿Cómo una chica tan dulce podrá vivir en una floresta tan densa?
- Ninam, hijo mio, escucha a tu viejo padre. ¿Cómo soportará ella vivir en la floresta?
- Mi sabio padre, tanto ella como yo sabemos que la alegría y el llanto siguen su curso dondequiera que estemos. Comprendeme, padre. No destruya mis esperanzas.
El ímpetu de las pasiones perturba los pensamientos y solamente el Tiempo consigue desatar los nudos del corazón. El amor es más difícil de domar que a un picaflor. Tanto Kinã como Ianoama lo sabían y sin demora realizaron la ceremonia de unión de sus hijos. Cuando el mejor se une a la mejor no puede dejar de haber felicidad. Repletos de amor cada día la alegría siempre se hacia presente. El año restante de vida de Ninam transcurrió tan rápido como el caer de una estrella. ¿ Que sabe sobre el paso del Tiempo una victima del amor?
Sanumá mantenía su secreto. Solo le restaba contar los días, que se escurrían como arena entre los dedos, hasta que solo faltó el postrero. En la víspera de la llegada de la Muerte, Sanumá no conseguió dormir, pasó la noche acurrucada, observando a su marido, hasta la madrugada.
Por la mañana le preparo el desayuno. Pan frutado, miel de jataí, frutos de massaranduba, una graviola bien madura, jugo de mastruz, ciruelas rosas y dulces como la brisa de las mañanas, semillas de girasol tostadas al sol y castañas de cajú asadas en la leña de Ipe. Sanumá no conseguía comer nada, sus pensamientos continuaban encerrados en aquella sala donde habia un letrero en la puerta: “ Hoy es el día”.
Cuando el sol estaba a un palmo de altura, Ninam decidió salir a cazar. La insistencia de Sanumá en acompañarlo lo hizo cambiar de planes. En vez de ir a cazar, Ninam decidió ir a pescar algunos peces en la cascada con ella. Los caminos estrechos y densos por entre los morros estaban descubiertos a los ojos a través del suave brillo del sol que conseguía penetrar en la floresta. Después de atravesar dos enormes morros, ven que aparece ella, la cascada de Jeribucaçú, un río mágico, eslabón del amor de dos océanos… Jeribucaçú y su cascada, un salto de agua mayor de que cualquier árbol milenario, con sus aguas calientes y ruidosas de color dorada era un ostensivo invite al buceo.
Saltaron, nadaron, bromearon. Nunca la Eternidad se detuvo tanto tiempo como en aquel momento. Ah, la Eternidad…Ella tiene sus raíces fuera del alcance de los hombres. Yama también acompañaba a la pareja en su alegría. Una alegría que podría hacer brotar orquídeas en el desierto. Ajena a todos estos espectadores y llena de dulzura, Sanumá observaba todas las vibraciones del espíritu de Ninam.
Cuando salieron del agua, Ninam sintió escalofríos. Secó su cuerpo con algodón extraído de un pié de Marcela y sintió que la cabeza le palpitaba. Se acostó en el regazo de Sanumá. La luz lo perturbaba y hacía que le ardieran los ojos. Al darse cuenta, Sanumá hizo sombra con su rostro. En la sombra, Ninam tuvo su última visión: el intenso brillo de los ojos de Sanumá. Al cerrar los ojos, su rostro se retorció y se empalideció por un momento. El color volvió a su tez. Con la cabeza apoyada en el seno de Sanumá, Ninam se durmió serenamente. Sanumá con la voz triste susurró homenajes de amor y agonía al indio que le robó el alma y la calma .
Del interior de la floresta, un hombre alto y fuerte observaba a Sanumá con sus ojos oscuros. Sanumá percibió su uña brillante como los reflejos de sol en el lago y una pintura resplandeciente como el brillo de las perlas cubrían su cuerpo. Yama salió de la floresta como la Luna saliendo del mar: majestuoso y todo vestido de blanco. Tenía para Ninam una mirada de paciencia y bondad, y esto tranquilizó Sanumá.
- Mucho se vive, poco se ve – dice Yama – Eterno plantador de flores y espinos en nuestro camino, el Dios del Amor. Con sus flechas con puntas en flor posee el más poderoso arco del mundo. Aunque sea hecho de cana de azúcar y su cuerda no sea más gruesa que el hilo de una telaraña, el veneno de estas flechas carga el mágico encantamiento del amor.
Las palabras de Yama sorprendieron y encantaron a Sanumá por su suavidad. Sin miedo, Sanumá declaró su sorpresa:
- ¡Siempre creí que usted era una mujer!
- ¡No hermanita! Las mujeres traen la Vida porque tienen más
sabiduría para transmitir a los curumins. Los hombres interumpen la Vida. Debemos relevar algunas actitudes masculinas debido a esta violencia ancestral hereditaria, muchas veces reprimidas en saludables torneos, necesarias cazadas, y en innombrables guerras. De los hombres brota la Muerte, mientras en las mujeres florece la Vida.
- Señor Muerte, yo soy Sanumá.
Yama sonrió y respondió con blandura:
- Yo los conozco a los dos, Flor del Sueño, desde hace mucho tiempo. Las otras vidas yo las recuerdo, usted no; pero ahora esta lanzada la flecha de mi tutela. Los días de Ninam están completos y yo vengo a buscarlo.
Yama colocó la mano en el pecho de Ninam en la altura del corazón y arrancó su alma, un ente no mayor que su dedo, que Yama amarró en su lazo. Cuando el alma de Ninam fue guardada, su cuerpo no respiró más. Yama se retiró para la floresta, pero Sanumá lo siguió, caminando a su lado. El paró y le dijo:
- Vuelve, Flor del Sueño, y prepara el funeral.
- Oí decir que fue el primer hombre en morir que encontró el camino de la morada que no puede ser más habitada.
- Es verdad – dice Yama -, pero ahora vuelve, Flor del Sueño. No puedes seguirme más. Estas libre de cualquier compromiso o eslabón con Ninam.
- Todos los que nacen deben un día seguirlo, señor. Permítame acompañarle solamente un poco más, como su amiga.
Yama paró y, volviendo lentamente, miró a Sanumá. De su cuerpo exhalaba un olor de una orquídea al rocío de la primavera. Recordó el casamiento infinitamente feliz había visto apenas algunas horas atrás en la cascada.
- Tienes razón, Flor del Sueño, no tienes miedo de mí. Acepto tu amistad, acepta en cambio una dádiva mía. Pero no puedo devolver la vida de Ninam
- La amistad solamente se puede consumar después de dar juntos once pasos – dice Sanumá – Que la ceguera de Kinã lo abandone.
- Ya lo abandonó. Ahora vuelva, pues estás cansada.
- Ni un poco. Estoy con Ninam por última vez. Dame permiso para caminar con usted un poco más.
- Yo te doy. Yo siempre quito, mas es bueno poder dar. No es difícil dar. Cuando la vida llega al final y todo precisa ser entregado, se comprende que dar no es difícil.
Caminaron rumbo al Norte, llegaron al borde de un río. Yama dio de beber a Sanumá de su propia mano. Ofreció a Sanumá visiones de otras vidas suyas. Pasadas o venideras, era solamente cuestión elegir. Gentilmente Sanumá recusó el regalo.
- Durante la vida, Sanumá, existe el dolor, pero no después de la muerte. Lo que es muy difícil es encontrar alguien digno de recibir. Yo ya miré a todos. Y, sin embargo esta agua no es más límpida que tu corazón. Tú luchas por lo que deseas, tú decides y eliges tu camino. No te rindas. No desees ser ninguna otra persona. Hace mucho que no veo esta actitud. Puedes hacer un pedido Sanumá, todo menos la vida de Ninam.
- Que mi padre Ianoama viva tanto como un Jatobá y tenga una centenar de hijos.
- Él los tendrá – aseguró Yama – pero pídeme algo más, algo para tí misma. Todo menos la vida de Ninam.
Sanumá respondió:
- ¡Qué yo tenga también cien hijos de mi marido!
Yama se paró delante de una Ibirapitanga milenaria y se quedó contemplándola. Sanumá no sabía decir que fue lo que le impresionó . Si sus palabras o el gigantesco árbol de grueso tronco colorado.
- Flor del Sueño, tú me respondiste sin pensar. ¿Cómo has de tener hijos con Ninam si él esta muerto? ¿no has pensado en esto?
- No.
- Sé que no. Pero no hay más vida en él. Está todo acabado.
- Por eso mismo, señor, no he pedido nada para mí. Yo que estoy mitad muerta y no anhelo siquiera el cielo.
Yama suspiró…
- Los favores nunca piden para un hombre verdadero. Soy absolutamente imparcial para todos los hombres. Yo, más que nadie, sé lo que son la verdad y la justicia. Sé que todo el pasado y todo el futuro se mantienen unidos por la verdad. ¿Cuanto vale tu vida sin Ninam?
- Nada señor.
- ¿Me entregarías mitad de sus días en la Tierra?
- Si, ellos son suyos.
Nuevamente Yama dirigió una mirada profunda a Sanumá. Ella sintió el peso de la mirada sobre su cuerpo. Por fin Yama dijo:
- ¡Está hecho! Pues más fuerte que la muerte es el amor, y más largo que la vida es la salud de la persona querida. Tomé sus días y entregué a su marido como si fuesen de él. ¿Quieres que te diga el número de esos días?
-No. Nadie mejor que yo que conoce la angustia de mirar el Tiempo correr desesperadamente en su dirección.
- El alma de Ninam descansa contigo, Flor del Sueño. Tendrás que llevarla de vuelta tú misma. Pero, antes de partir, hazme un poco de compañía y yo te mostraré el manejo de las armas mortales de los Dioses.
Sanumá aprendió muchos mantras y encantamientos. Mantras que podrían sacar un alma dentro de un cuerpo y ponerlo afuera con solo pulsar la palma de la mano. Yama reveló su verdadero nombre a Sanumá, pero advirtió que ella nunca podría pronunciarlo indiscriminadamente, porque podría traer una destrucción inimaginable. Si él fuera revelado, toda la virtud y todo el poder de las palabras desaparecerán instantáneamente y para siempre. Después Sanumá reveló todo este conocimiento a Shipaya y él se encargó de incorporar estos conocimientos en la sabiduría milenaria secreta de los chamanes.
Yama se despidió de Sanumá y prosiguió solo, hacia el Reino de los Muertos, con un cordón que nada contenía. Ya era oscuro cuando Sanumá volvió a una selva densa y siniestra, donde las hojas murmuraban ferozmente al viento de la noche. El cadáver de Ninam permanecía gélido a la luz de las estrellas. Ella colocó la cabeza de su marido en su regazo y sintió la piel calentarse al contacto con su delicado cuerpo. Ninam abrió los ojos y miró a Sanumá con la felicidad que contiene una mirada después de matar una larga saudade.
- Pasé el día durmiendo, mi Flor. Tuve un sueño extraño y en él yo estaba siendo llevado…
- Eso ya pasó – dice Sanumá.
- ¿No fue un sueño?
- Ninam yo puedo deshacerme de mi misma, pero jamás de ti. Es tarde, debemos volver. Hablaremos cuando lleguemos a casa.
Yama había vuelto. Oculto en la floresta quería solamente mirar el reencuentro de la pareja. Luego dirigió su mirada a la oscura densidad de la floresta y dijo:
- ¿Por qué me miras tanto, Eternidad? ¿Crees que perdí el tino con la vejez? Este casal transmitió a todos el verdadero éxtasis de vivir. Intentar contener este amor ha sido lo mismo que exprimir un torbellino en los brazos. ¿Por qué siempre hay indecisiones y dudas en las cosas del Amor?
De la oscuridad salió la Eternidad involucrada con su disfraz casi impenetrable. Caminó junto con Yama. Descendieron y se sentaron en la aplacible orilla del río. Son los rayos de luna los que existe a la noche que devele los verdaderos colores de todo lo que existe. La Eternidad sonrió viendo como el río fluía en su frente. Una sonrisa placentera que hizo brillar su rostro.
- El hombre no representa su papel en la Tierra por lo que hace y dice, sino por lo que es. El verdadero guerrero es consciente de su armonía con el camino. Por un intenso SER es realizado el más extenso HACER. Sin esa esencia, sin esta luz, puede el hombre mirar todas las cosas externas y no comprender nada, así como un analfabeto puede hojear los mayores libros de la humanidad sin entender nada.
- No necesita justificarse Yama. Si hubiese alguna causa para el Amor, él es mi viejo amigo de otra vida y se irá conmigo después cualquier pequeño atrito. Pajarita que se inclina ya tiene el vuelo pronto. Esclarézcame una cosa Yama: ¿Qué es esta vida loca que corre por los cuerpos humanos como fuego?
- La vida es como un hierro caliente, fundido; presto a ser derramado. Elija el molde y la Vida lo abrasará. Los actos externos no tienen valor por si mismos, pero sí por la actitud interna. Para ser benefactor de la humanidad, solamente es preciso ser bueno.
Yama limpió el polvo con el viento, se sentó sobre un puñado de hojas largas de hierba y aprovechó para preguntar a la Eternidad:
- Y usted, que desprecia el Tiempo; ¿ no se cansó de existir?
- El Tiempo es un océano sin fin; ¿dónde hallar una isla? La vida pasa y es inestable. A veces, Yama, oigo el viento pasar y solamente por oír pasar el viento, pienso que vale la pena existir. Tengo el egoísmo natural de las flores, preocupadas solamente por florecer.
-Eternidad, usted que es mucho más experta que yo, y que se quedará aqui después de mi partida, aclárame de una duda: ¿Conoce alguien el Futuro?
- Nada sé sobre el Futuro, Yama. Como usted, tengo paciencia y espero que Él venga a mi encuentro. Tengo como compañero el Presente, momento único en que la gente puede crear y recrear nuestro camino a nuestra imagen y semejanza, vestirse con todos los colores, saborear todos los sabores y entregarse a todos los amores sin prejuicios, ni vergüenza. Esa tiempo tan fugaz en la vida de la gente es único, se llama Presente y tiene la duración del instante que pasa. La vida reside en el instante. No pierda un solo instante, haga rápido lo que desea, pues la alegría es efímera como el rocío en verano.
Y no dijo nada más. El murmullo de la suave melodía del riachuelo quedó sustenido sobre el profundo silencio, y todo se quedó oscuro como la media noche; quieto y tranquilo como cuando un Dios duerme.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Salada de Fruta

Salada de Fruta
Gostaria de trazer na boca
O visgo da jaca
Para prender e apreender
eternamente
em meus labios
a doçura do abiu
que teu beijo carrega.
.

Sobre os desenhos

Na verdade so sao dois: Um da Dreamworks e outro da estoria de Sanuma, o casal de indios no Rio Jeribucaçu. O casal de indios foi criado por Monica Reis. Estou com muita dificuldade de postar mais desenhos, mas os amigos estao livres ( e convidados ) para enviarem desenhos para as estorias e/ou personagens.
Dedos no pincel!
Aloha!
Leo

sábado, 31 de janeiro de 2009

Sanuma in Deutch

Sanumá in Deutch

In einem Reich, wo Bienen die Blumen großzügig mit ihren Pollen bestäubten, dort konnten diese so ruhig leben wie die schöne und duftende Blume Sanuma, die bekannt war als Flor do Sonho, Blume der Träume. Sie war so schön und liebenswürdig wie ein großer Baum, der seinen dichten Umhang von delikaten Blättern, seinen Schutz und köstlichen Früchte für alle öffnete. Ein Indianer, dessen Schönheit andere Frauen vulgär machte und die Eitelkeit von ihnen allen beschämte.

Trotz ihrer Gebete hatte Sanuma nie einen Mann getroffen, der sie interessierte, denn sie waren alle skandalös, unbrauchbar und eitel, aufgeblasen vor Stolz und schwer auf den Augen. Eines Tages, ermüdet von ihrer Einsamkeit, sagte Sanuma ihrem Vater: „Großer Meister und Vater Ianoama, Oberhaupt des Stammes der Ianomami, ich weiß, dass ich Gehorsam zeigen muss, aber ich wünsche mir, mein Schicksal zu treffen. Ich werde fortgehen und komme nicht zurück, bis ich meinen Gefährten gefunden habe.“

Ihr Vater protestierte nicht. Er dachte an die große Station ihrer Geburt und auch die anhaltende Periode von Frieden und Gemeinschaft mit den benachbarten Stämmen. Keine Hindernisse findend, erlaubte Ianoama die Abreise seiner Tochter. Er wählte ein Gefolge aus, sie zu begleiten: einen Führer, einen Jäger, einen Seher, der die Fähigkeit hatte, sich in allen Sprachen der Menschen, Pflanzen und Tiere zu verständigen und einen Schamanen, mit dem größten Ruhm im ganzen Amazonasdschungel, um Mitteilungen durch Träume und Xama Shypaia zu senden.

Durchdrungen von ihrem Wunsch und sich sehnend durchsuchte Sanuma den größten Teil der verschiedenen Stämmen und Dörfer, um jemanden zu finden, der ihren Durst auf Liebe zu stillen vermochte. Sie beschloss, die Weiten jenseits der Grenzen ihres Reiches zu erforschen und die mit den dichtesten bekannten Dschungeln ausgestatteten Berge. Sie trat in den tausendjährigen Dschungel ein, wo die Wurzeln lang waren, und jeder Baum sich unter dem Gewicht seiner üppigen Blüten beugte, welche zartfühlend ihr Erscheinen bei den Göttern oszillierten.

Dort traf sie den Bara-Stamm, der sich in das Herz des Dschungels zurückgezogen hatte, nachdem Oberhaupt Kina sein Sehvermögen verloren hatte und seinen Stamm durch seinen Geruchssinn führte. Als sie den Jäger Nimam sah, Sohn des Kina, blickten sie sich in die Augen, der eine dem anderen, verlangend jeder den anderen für die Ewigkeit zu sehen; Sanuma nahm sofort in den Augen von Nimam wahr, dass ihre Suche beendet war.

Eine Woche zusammen war mehr als genug für Sanuma, um absolut überzeugt zu sein, dass Nimam die Antwort zu all ihren Fragen und das Schicksal ihrer gesamten Reise war. Im Gegenzug erkannte Nimam sofort in Sanuma einen Pfad zum Paradies, der nur von den Göttern beschritten wurde. Auf dem Angesicht der Erde würde es nie eine Trennung zwischen ihnen geben können.

Sanuma kehrte zurück, um ihrem Vater von ihrer Entscheidung, Nimam als ihren Gefährten zu nehmen, und im Herzen des Dschungels zu wohnen, zu berichten. Ianoama verzweifelte zuerst nur, wenn er an die Trennung von seiner einzigen Tochter dachte, aber fand Frieden in dem Wissen, dass dieser Mut, der vom Herzen genährt wird, unschlagbar ist. Er besuchte Shypaia den Schamanen, der Sanuma begleitet hatte, und forderte Informationen über Nimam.

„Ianoama“, sagte Shypaia, „Er wurde im Herzen des Dschungels geboren, wo er seitdem gelebt hat. Der Name seines Vaters ist Kina, Oberhaupt des Bara-Stammes. Er ist gutherzig und loyal. Schön wie der Mond besitzt er die Energie und die Kraft der Sonne. Er ist so großzügig wie Gaia und hat den Mut eines Jaguarjungen, und ist so geduldig wie die Zeit. Er besitzt nur einen Mangel und keinen anderen: genau in einem Jahr wird Nimam sterben.“

Der Häuptling traf sich mit seiner Tochter und enthüllte ihr die Wörter von Shypaia und schlug vor, dass sie ihre Wahl änderte.

„Heirate nicht ins Elend, Tochter.“

Sanuma antwortete, „es gibt keine andere Wahl mein Vater. Ob sein Leben kurz oder lang ist, ich werde Nimam als den Gefährten meines Herzens nehmen.“

Konfrontiert mit der Entschlossenheit seiner Tochter, wurde Ianoama still und angesichts der kurzen Zeit, die dem Leben seines künftigen Schwiegersohnes noch bleiben würde, bereitete er zügig Vorbereitungen für den folgenden Morgen vor. Er würde seine Tochter bei ihrer Rückkehr zum Herzen des Dschungels begleiten, um an den Festlichkeiten teilzuhaben, die für das Ehepaar gehalten würden. Oberhaupt Kina bemerkte als erster die Rückkehr von Sanuma, mit ihrer fröhlichen und sanften Stimme gleich einem Vogels zu Tagesanbruch, ein Wispern im Wind, nur hörbar für Kina. Wie wird so ein süßes Mädchen fähig sein, so dicht in einem Dschungel zu wohnen?

„Nimam mein Sohn, erkläre es deinem alten Vater. Wie wirst du sie unterstützen, um im Dschungel zu wohnen?“

„Mein weiser Vater, sie weiß ebenso wie ich, wie Freude und Trauer ihrem Ablauf folgen, wo immer wir je sind. Bitte beschäme mich nicht mein Vater. Zerstöre
nicht die Hoffnungen des Mädchens.“

Der Auftrieb der Leidenschaft verwirrt den Verstand, und nur Zeit schafft es, unsere Herzen freizulassen. Liebe ist schwieriger zu fangen als ein Kolibri. Davon wussten Kina und Ianoama und ohne Verzögerung vervollständigten sie die Zeremonie der Vereinigung ihrer Kinder. Wenn das Beste mit dem Besten verbunden wird, kann Glück nicht vermieden werden. Reichlich ausgestattet mit Liebe und gnädigen Tagen in denen Freude immer nah war, ging das restliche Jahr von Nimam´s Leben so schnell vorbei wie ein fallender Stern. Wer weiß besser von der Untätigkeit der Zeit als ein Opfer der Liebe?

Sanuma behielt ihr Geheimnis für sich und ruhte sich nur aus, um die Tage zu zählen, die wie Sand durch ihre Finger flossen. Erst wenn sie alleine war, würde sie ruhen.

Am Tag vor dem Eintritt des Todes fiel Sanuma nicht in Schlaf; sie verbrachte die Nacht wachend um ihren Ehemann zu betrachten bis er erwachte.

Sie machte ihm Kaffee am Morgen. Sie präsentierte Fruchtbrot, Honig von Jatai (einer kleinen feinen Biene), Kaffee, Graviola der Macarunda, lieb wie die Morgenbrise, Sonnenblumenkerne rösteten in der Sonne, und Cashewnüsse brieten über Brennholz von Ipe. Sanuma konnte nichts essen; ihre Gedanken fuhren fort zu wandern, als ob in einem Zimmer auf einer Tafel zu lesen wäre „HEUTE IST DER TAG“.

Als die Sonne eine Hand hoch war entschied sich Nimam auf die Jagd zu gehen. Sanuma drängte sich auf, ihn zu begleiten und versuchte seine Pläne zu ändern. Anstelle der Jagd willigte Nimam ein, zusammen mit ihr beim Wasserfall Fische zu fangen.

Die dichten steilen Pfade zwischen den Hügeln enthüllten Ausblicke in die weiche, helle Sonne, die den tiefen Dschungel durchdrang. Nachdem sie zwei Hügel von beträchtlichem Ausmaß überquert hatten, erschienen die Wasserfälle von Jeribucaçu vor ihnen, eines magischen Flusses, ein Band der Liebe zwischen den Ozeanen. Aber das ist eine andere Geschichte, und jetzt erzählen wir das Drama von Sanuma, Flor do Sonho, und von ihrer mutigen Begegnung mit Yama, dem Herrn des Todes. Dem, vor dem man fliehen sollte und alle Gefahren vermeiden.

Wir kehren zurück zu Jeribucaçu und seinen Stromschnellen, dem größten Wasserfall des tausendjährigen Dschungels. Mit seinem warmen Wasser und von Erzen geschmückter Farbe war er eine unwiderstehliche Einladung hineinzutauchen.

Sie sprangen, sie schwammen, und spielten. Die Ewigkeit hielt niemals so die Zeit auf dem Planeten an wie in diesem Moment zwischen den beiden. Ach, Ewigkeit. Sie hält ihre Wurzeln von den Reichweiten der Männer fern. Yama kümmerte sich inzwischen um das Glück des Ehepaares. Ein Glück, das Orchideen dazu bringen konnte, in der Wüste zu blühen. Ahnungslos über die Zuschauer, voll von Süße, beobachtete Sanuma alle Nuancen von Nimam´s Seele.

Als er aus dem Wasser herauskam, empfand Nimam Kühle. Er trocknete seinen Körper mit einem Stoff, genommen von der Marcela Pflanze, und empfand Kopfschmerzen. Er lag an Sanuma´s Brust. Das Licht störte und brannte seine Augen. Dieses wahrnehmend, beschattete ihn Sanuma mit ihrem Gesicht, und dieser Schatten erlaubte Nimam seine letzte Vision: das intensive Licht von Sanuma´s Augen.

Beim Schließen seiner Augen veränderte sich sein Gesicht und erbleichte für einen Moment. Kurz kam die Farbe auf sein Gesicht zurück und mit seinem Kopf zu Sanuma gewandt ging Nimam ruhig dazu über zu schlafen. Sanuma murmelte mit einer traurigen, rhythmischen Stimme Huldigungen von Liebe und Qual an den Indianer, der ihre Seele und ihre Stille gestohlen hatte.

Vom Dschungel aus beobachtete ein großer, starker Mann Sanuma mit festen, dunklen Augen. Plötzlich merkte Sanuma seinen glänzenden Funken wie die Reflektion der Sonne auf einem See in einem sprühenden Gemälde, wie Edelsteine und Perlen, die seinen Körper bedecken. Yama stand über dem Meer des Dschungels wie der Mond, majestätisch und komplett in Weiß gekleidet. Er blickte voll Geduld und Anmut auf Nimam und dies beruhigte Sanuma.

„Viel hat er gelebt und selten gesehen worden ist er“, sagte Yama, „der Ewige Pflanzer von Blumen und Dornen auf unserem Pfad, der Gott der Liebe. Mit seinen Blütenspitzen überwacht er den gewaltigsten Bogen der Welt. Obwohl sie vielleicht nicht von Zuckerrohr und einer Schnur nicht dicker als der Faden vom Netz einer Spinne gemacht worden sind, tragen diese Pfeile das Gift der magischen Verzauberung der Liebe“. Yama´s Worte überraschten und bezauberten Sanuma angenehm. Niemanden fürchtend, erklärte Sanuma ihre Überraschung: „Ich stellte mir immer vor, Sie wären eine Frau!“

„Nein meine Liebe! Frauen vermitteln Leben, weil sie mehr Wissen über Heilmittel in sich tragen zum Weitergeben. Männer nehmen es weg. Uns müssen einige maskulin hergeleitete Merkmale erlaubt werden, von angestammter geerbter Gewalt, die oft in Turnieren, Überlebensjagden und unzähligen Kriegen zum Vorschein treten. Männer bringen immer Tod hervor, soviel wie Frauen Leben schenken.“

„Herr Tod, ich bin Sanuma.“

Yama lächelte und antwortete zärtlich.

„Ich kenne euch beide, Flor do Sonho, seit einer langen Zeit. Ich erinnere mich an vergangene Leben, du nicht. Aber jetzt hat der Pfeil meinen Speer geführt. Nimam´s Tage sind vollständig, und ich kam, um ihn zu suchen.“ Yama setzte eine Hand auf Nimam´s Brust über dem Herzen und entnahm seine Seele, ein Etwas nicht größer als eine Hand, das Yama mit seinem Lasso befestigte. Als Nimam´s Seele eingefangen worden war, atmete sein Körper nicht mehr. Yama kehrte zum Dschungel zurück, aber Sanuma folgte und ging an seiner Seite

„Geh, Flor do Sonho, und bereite das Begräbnis vor.“

„Ich habe ein Sprichwort gehört, dass Sie der erste Mann waren, der starb, und den Pfad des Lebens fand, und nicht wieder gefangen werden kann.“

„Es ist wahr“, sagte Yama, „aber jetzt geh zurück, Flor do Sonho. Du kannst mir jetzt nicht mehr folgen. Du bist frei von jeder Beziehung oder Bindung mit Nimam.“

„Jeder, der eines Tages geboren wird, muss Ihnen eines Tages folgen, Herr. Erlaubt mir, Euch nur ein wenig mehr als ein Freund zu begleiten.“

Yama hielt und drehte sich, um Sanuma langsam zu betrachten. Ihr goldener Körper strahlte den Duft einer Orchidee in den Nebeln des Frühlings aus. Er erinnerte sich an das so unendlich glückliche Paar, nur einige Stunden zuvor beim Wasserfall.

„Du hast recht, Flor do Sonho, du fürchtest mich nicht. Ich akzeptiere – als ein Freund, und im Austausch nimm ein Geschenk von mir an, das ich demütig biete. Aber ich kann Nimam´s Leben nicht zurückbringen.“

„Die Freundschaft wird zusammen nach nur elf Schritten vollendet“, sagte Sanuma, „würde Kina von seiner Blindheit befreit.“

„Es ist schon vollbracht. Jetzt geh zurück, denn du bist müde.“

„Nicht einmal ein Bisschen. Ich war bis zur letzten Minute mit Nimam. Gewähren Sie mir die Erlaubnis, ein wenig mehr mit Ihnen zu gehen.“

„Ich gewähre es. Ich nehme immer weg. Aber es ist gut, fähig zu sein, zu geben. Es ist nicht schwierig, zu geben. Wenn Leben endet, und allen Bedürfnissen wird entsprochen, versteht man, zu geben, was nicht schwierig ist.“

Sie gingen Richtung Norden. Sie kamen zum Rand einer Quelle und Yama gab Sanuma zu trinken, direkt aus seiner Hand. Er bot Sanuma Visionen anderer Leben an. Vergangenheit oder Zukunft, sie hatte nur zu wählen. Sachte lehnte Sanuma das Angebot ab.

„Während des Lebens, Sanuma, gibt es Schmerz, aber nicht mehr im Tod. Das, was mit Schwierigkeit getroffen wird, ist würdig, zu erhalten. Ich habe alles gesehen. Und, ich schließe, dass dieses Wasser nicht reiner ist als dein Herz. Du kämpfst für deine Wünsche, entscheidest, wählst deinen Weg und gibst nicht nach. Du wünschst dir nicht, jemand anderes zu sein. Du besitzt einiges, was ich nie gesehen habe. Du kannst eine weitere Bitte aussprechen, Sanuma, irgendetwas, außer dem Leben von Nimam.“

„Dass mein Vater Ianoama lang in Jatoba leben wird und ein hundert Söhne hat.“

„Er wird“, versicherte Yama, „aber frag mich nach etwas anderem, etwas für dich. Irgendetwas außer dem Leben von Nimam.“

Sanuma antwortete. „Dass auch ich ein hundert Söhne mit meinem Ehemann habe.“

Yama hielt vor einem Ibiratanga Milenar und musste es in Erwägung ziehen. Sanuma wusste nicht, was Yama mehr imponierte, ihre Wörter oder der gigantische Baum mit dem riesigen roten Stamm.

„Flor do Sonho, ohne Nachzudenken, antworte mir. Und sag mir die Wahrheit. Wie wirst du Söhne mit Nimam haben, wenn er tot ist? Aber du dachtest nicht daran…“

„Nein.“

„Ich weiß. Aber er hat kein Leben mehr in sich. Es ist alles vorüber.“

„Alles das Gleiche, Herr, ich bitte um nichts weniger. Ich, die ich halb tot bin, frage nicht so viel vom Himmel.“

Yama seufzte.

„Zwei Sachen halten Männer davon ab, bestimmt zu wissen, was sie machen müssen. Eines ist der Wunsch, der die Intelligenz blendet und Mut kühlt, das andere ist Angst, die bei Bemerken von Gefahr die Trägheit der Handlung vorzieht. Gunst ist nie auf einen Mann der Wahrheit verloren. Ich bin zu allen Männern völlig unparteiisch. Ich weiß mehr von der Wahrheit und der Gerechtigkeit als jeder andere. Ich weiß, dass die ganze Vergangenheit und die ganze Zukunft in Wahrheit verbunden sind. Wie viel ist dein Leben wert ohne Nimam?“

„Nichts Herr, ohne Fröhlichkeit verdient menschliches Leben nicht den Namen Leben.“

„Übergibst du deine halben Tage auf der Erde an mich?“

„Ja, sie sind Ihre. Was bedeutet es zu sterben, jung oder alt, wenn Sie mit ganzem Verstand sagen können, dass Sie nie gelebt haben? Sie können nicht von Leben sprechen, wenn Sie die Vergnügen des Lebens nie geschmeckt haben.“

Plötzlich richtete Yama seinen Blick intensiv auf Sanuma. Sie fühlte die Schwere seiner Augen auf ihrem Körper. Zuletzt sagte Yama:

„Es ist geschehen. Denn Liebe ist stärker als der Tod; länger als das Leben ist die Sehnsucht des Geliebten. Ich nahm deine Tage und überlieferte deinen Ehemann, als er war. Willst du, dass ich dir die Anzahl dieser Tage mitteile?“

„Nein. Niemand weiß die Qual besser als ich von der Verzweiflung, die Zeit in Ihre Richtung laufen zu sehen.“

„Der Geist von Nimam ruht bei dir, Flor do Sonho. Es wird an dir sein, ihn zurückzuführen. Aber bevor du gehst, leiste mir für eine kleine Weile Gesellschaft und ich werde dir die Arbeit der tödlichen Armee der Götter beibringen.“

Sanuma lernte viele Mantras und Beschwörungen. Mantras, die die Seele aus dem Körper ziehen und außerhalb halten können und in der Fläche der Hand pulsierten. Yama enthüllte seinen wahren Namen zu Sanuma, aber er riet ihr, ihn nie wahllos auszusprechen, da er unvorstellbare Zerstörung verursachen konnte. Wenn er enthüllt wird, würde alles was in Wörter gefasst werden kann sofort und für immer verschwinden. Danach entdeckte Sanuma alles, was zu den Shipaya bekannt ist, und wurde mit der Einverleibung dieses Wissens in die tausendjährige Weisheit der Geheimnisse der Xamas anvertraut.

Yama sagte Sanuma Lebewohl und setzte seinen Weg alleine fort, durch das Reich des Todes, wie ein Lasso, das nichts ergreift. Es war schon dunkel, als Sanuma durch ein dunkles, unheimliches Gehölz reiste, wo die Blätter wild im Nachtwind murmelten. Nimam´s Leiche wurde im Sternenlicht gefroren bewahrt. Sie setzte den Kopf ihres Ehemanns auf ihre Brust und wärmte seine Haut mit ihrem zarten Körper. Nimam öffnete seine Augen und schaute Sanuma mit einer Freude an, die ein Aussehen enthielt, das eine tiefe Sehnsucht löschen konnte.

„Ich verbrachte den Tag schlafend, meine Blume. Ich hatte einen seltsamen Traum, in dem ich auf einem schmalen Pfad wegging.

„Das geschah“, sagte Sanuma.

„Es war kein Traum?“

„Nimam, ich kann nur für mich sprechen, niemals für dich. Reden wir, wenn wir nach Hause kommen.“

Yama, der zurückgekommen war, um versteckt im Wald das wiedervereinigte Paar zu sehen, bevor er sie verließ, drehte seinen Blick zur dichten Dunkelheit des Waldes und sagte:

„Warum starrst du mich an, Ewigkeit? Findest du, dass ich in meinem hohen Alter meine Urteilskraft verloren habe? Dieses Ehepaar vermittelte alles, was über die wahre Verzückung des Lebens gesagt werden konnte. Der Versuch, diese Liebe zu unterdrücken, wäre wie das Entwässern eines Strudels von seinem Strom. Warum gibt es immer Unentschlossenheit und Zweifel in Sachen der Liebe?“

Aus der Dunkelheit kam die in ihrer nahezu undurchdringlichen Verkleidung eingewickelte Ewigkeit. Sie ging zusammen mit Yama. Sie erreichten ein steiles Flussufer und setzten sich.

Es liegt in den Strahlen des Mondes, der die ganze Nacht durch existiert, dass wir bei dem wahrsten Herz von allen bleiben, das existiert. Ewigkeit lächelte in den Fluss, der vor ihnen floss. Ein fröhliches Lächeln heiterte ihr Gesicht auf.

„Männer präsentieren ihre Geschichte auf Erden nicht dem der tut und sagt“, sagte Yama, „als mehr im Hinblick auf das was ist“. Der wahre Krieger ist sich seiner Harmonie mit dem Pfad bewusst. Denn ein intensives SEIN wird in einem umfangreichen TUN erkannt. Ohne dieses Wesen, ohne dieses Licht, kann ein Mann alle Sachen von außen sehen und doch nichts begreifen, ebenso wie ein des Lesens und Schreibens Unkundiger die großen Bücher der Menschheit umblättern kann und nichts verstehen.“

„Du musst nichts vor mir rechtfertigen Yama. Ich habe einige Motive für die Liebe, sie ist meine alte Freundin eines anderen Lebens, und sie ging mit mir bevor sie ein wenig fiel. Der Vogel, der sich hinauslehnt, nimmt den Flug auf. Aber erkläre mir eine Sache Yama: Was in diesem verrückten Leben ist so gemacht wie das menschliche Herz?“

„Das Leben ist wie heißes Eisen, formbar, bereit geformt zu werden. Wähle die Form, und Leben wird das Feuer entzünden. Äußerliche Taten haben keine wahre Tapferkeit, sondern die inneren Einstellungen. Um ein Wohltäter der Menschheit zu sein, ist es nur notwendig, gut zu sein.“

Yama blies Staub im Wind weg, fühlte über sich ein Fallen von großen Blättern auf das Gras und brachte eine Frage zu Ewigkeit voran.

„Und du, die die Zeit verachtet, bist du nicht müde, zu existieren?“

„Zeit ist ein endloser Ozean, aber wo trifft sie eine Insel? Leben geht vorbei und ist instabil. Manchmal, Yama, wenn ich den Wind überholen höre, und nur das Geräusch lässt es stattfinden, finde ich, dass es lohnend ist, zu existieren. Ich nehme den natürlichen Egoismus von den Blumen, die nur mit dem Blühen beschäftigt sind.“

„Ewigkeit, du, die erfahrener ist als ich, und die nach meiner Abreise weiterreisen wird, nimm einen Zweifel: Kennt jemand die Zukunft?“

„Niemand kennt die Zukunft, Yama. Wie du habe ich Geduld und Hoffnung, dass Er sich um mein Antreffen kümmert. Die Vergangenheit ist unbewohnbar, aber das Licht von Dämmerung erleuchtet den Widerschein von all den Jahrhunderten; ich habe die Gegenwart als Gesellschaft, einen einmaligen Moment, in dem Menschen unseren Pfad zu unserem Bild und Ähnlichkeit neu erschaffen und wieder beleben können, und all die Farben tragen, und alle Geschmäcker kosten, und die ganze Liebe ohne vorgefasste Meinung oder Sehnsucht sammeln können. Alter, das im Leben flüchtig ist, wird einmalig und ausschließlich gegenwärtig genannt und erfordert die Dauer eines Augenblickes, um vorbeizueilen. Leben besteht in einem Augenblick. Verliere es nicht einmal einen Augenblick, stehe allem, was du dir wünschst schnell gegenüber, denn Glück ist so flüchtig wie der trocknende Tau.“ Und niemand sagte mehr. Der Laut einer sanften Melodie von einem Bach schwebte über der tiefgründigen Ruhe, die in alle Teile fiel, noch bevor die Klänge sie erreichen konnten, und alles wurde so dunkel wie die Mitternacht, still und ruhig, wie wenn ein Gott schläft.

Um alo

Leitores:
Fico feliz com a receptividade que o blog ta tendo.
Primeiro coloquei no meu MSN e depois no Facebook.
To esperando conseguir baixar uns desenhos para divulgar o blog para meus amigos do Orkut.
Os proximos posts sera a traduçao de Sanuma em Alemao e em Espanhol, internacionalizando ainda mais o nosso blog.
Aos que me visitam e tem algum conhecimento de ingles sugiro a leitura do poema Fisherman Illusions e participe da votaçao!
Valeu a visita!
Aloha!
Leo

Sanuma em Portugues

É melhor inflamar-se, ainda que
Apenas por um momento, do que arder eternamente de
desejo.


Mahabharata



Sanumá, a Flor do Sonho

Em um reino onde as uruçus amarelas carregadas de néctar repousavam sobre flores em toda a parte, ninguém jamais vira flor tão linda e perfumada como Sanumá, também conhecida como Flor do Sonho. Era bela e bondosa como uma árvore gigante que abre sua frondosa capa de folhas delicadas e oferece a sua sombra e frutos adocicados a todos. Uma índia cuja beleza fazia com que as outras mulheres parecessem vulgares, envergonhando a vaidade de todas.
Apesar de seus encantos, Sanumá nunca encontrou um homem que a interessasse, por serem todos desgraciosos, fúteis e vaidosos, inchados de orgulho e rígidos em sua oca presunção. Um dia, cansada da sua solidão, Sanumá comunicou ao pai, cacique da imensa nação Ianomâmi:
- Grande Mestre e Pai Ianoama, sei que lhe devo obediência, mas desejo ir ao encontro de meu destino. Partirei e não retornarei antes de encontrar meu companheiro.
O pai não se opôs. Sabia dos extensos limites da sua nação e mesmo as tribos vizinhas viviam um período prolongado de paz e confraternização entre elas. Sem colocar obstáculos, Ianoama permitiu a partida da filha. Selecionou a comitiva que a acompanharia: um rastreador, um caçador, um sonhador, que tem a habilidade de se comunicar em todas as línguas humanas, dos animais e vegetais, além de enviar mensagens através dos sonhos, e o Xamã Shypaia, um pajé de renome por toda floresta Amazônica.
Imbuída do seu desejo e vontade, Sanumá percorreu as mais variadas tribos e tabas a procura de alguém que aplacasse a sua sede de amor. Decidiu explorar além dos limites do seu reino e adentrou nas montanhas inchadas com as mais densas florestas que se conhece. Entrou na floresta milenar, onde as raízes são longas e cada árvore se curva sob o peso de sua florescência e oscila delicadamente na atmosfera dos Deuses.
Lá encontrou a tribo Bará, que se retirou para o âmago da floresta depois que o cacique Kinã perdeu a visão e passou a guiar sua tribo pelo olfato. Quando avistou Ninam, guerreiro e caçador, filho de Kinã, ambos se olharam e olharam-se nos olhos um do outro, e cada um desejou olhar para lá eternamente; Sanumá percebeu imediatamente nos olhos de Ninam que sua busca havia terminado.
Uma semana juntos foi mais que suficiente para Sanumá ter a mais absoluta convicção que Ninam era a resposta de todas as suas perguntas, o destino de todos os seus caminhos. Quanto a Ninam, logo reconheceu em Sanumá o caminho que leva ao paraíso e é usado somente pelos Deuses. Não haveria poder na face da Terra que os separaria.
Sanumá retornou para comunicar ao pai sua decisão de ter Ninam como companheiro e de sua disposição de viver no cerne da floresta. Ianoama a princípio se desesperou somente em pensar na separação de sua única filha, mas ficou calado porque sabia que a coragem que é alimentada pelo amor é imbatível. Procurou Shypaia, xamã que havia acompanhado a busca de Sanumá, e pediu informações sobre Ninam.
- Ianoama – disse Shypaia – Ele nasceu no cerne da floresta, onde vive desde então. Seu pai se chama Kinã, cacique da tribo Bará. Ele é bondoso e leal. Belo como a Lua, possui a energia e o vigor do Sol. É generoso como Gaia e tem a coragem de uma onça parida, ao mesmo tempo em que é paciente como o Tempo. Possui apenas um defeito e nenhum outro: dentro de exatamente um ano Ninam morrerá.
O cacique se encontrou com a filha e revelou as palavras de Shypaia e sugeriu que ela mudasse de idéia:
- Não te case para sua infelicidade, filha.
Sanumá contestou:
- Duas vezes não escolherei meu pai. Seja a sua vida curta ou longa, já tomei Ninam como companheiro em meu coração.
Diante da determinação da filha, Ianoama se calou. Devido ao pouco tempo que restava de vida do futuro genro, apressou os preparativos da partida que foi marcada para a manhã seguinte. Acompanharia a filha ao seu retorno ao âmago da floresta a fim de participar da festa de enlace do casal.
O cacique Kinã foi o primeiro a perceber o retorno de Sanumá. A sua voz alegre e límpida como o canto de um pássaro ao amanhecer veio trazido pelo vento até os sensíveis ouvidos de Kinã, que ficou preocupado. Como uma menina tão doce poderia viver na floresta tão densa?
- Ninam, meu filho, escuta seu velho pai. Como ela suportará viver na floresta?
- Meu sábio pai, tanto ela como eu sabemos que a alegria e o pranto seguem seu curso onde quer que estejamos. Não me desconsidere meu pai. Não destrua as minhas esperanças.
O ímpeto das paixões perturba os pensamentos e somente o Tempo consegue desatar os nós do coração. O amor é mais difícil de domar que um beija-flor. Tanto Kinã quanto Ianoama sabiam disso e sem demora realizaram a cerimônia de união de seus filhos. Quando o melhor se une ao melhor não pode deixar de haver felicidade. Repletos de amor e graças a dias onde a alegria sempre se fazia presente, o ano restante da vida de Ninam transcorreu tão rápido como o cair de uma estrela. O que sabe sobre o vagar do Tempo uma vítima do amor?
Sanumá mantinha consigo o seu segredo e só lhe restava contar os dias, que escorriam como areia entre os dedos. Até que só restou o derradeiro. Na véspera da chegada da Morte, Sanumá não conseguia dormir, passou a noite acordada a observar o marido, até de madrugada.
Preparou-lhe um lauto café da manhã. Abiu, fruta-pão, mel de Jataí, frutos de Maçaranduba, uma graviola bem madura, suco de mastruz, siriguelas vermelhas e doces como a brisa das manhãs, sementes de girassol tostadas ao sol e castanhas de caju assadas na lenha de Ipê. Sanumá nada conseguia comer, seus pensamentos continuavam trancados naquela sala onde tem uma tabuleta na porta escrita: “É HOJE O DIA”.
Quando o sol estava a um palmo de altura, Ninam decidiu sair para caçar. A insistência de Sanumá em acompanhá-lo o fez mudar os planos e ao invés de caçar, Ninam decidiu apanhar alguns peixes na cachoeira junto com ela. As trilhas densas por entre os morros eram desvendadas aos olhos através do suave brilho do sol que conseguia penetrar na floresta. Após atravessar dois morros de considerável tamanho, eis que aparece ela: a cachoeira do Jeribucaçú, um Rio mágico, elo do amor de dois oceanos..., mas isto já é uma outra história e agora estamos contando o drama de Sanumá, a Flor do Sonho, e de seu breve encontro com Yama, o senhor da Morte. Ele, que até o perigo foge e se esquiva... Retornaremos ao Jeribucaçú e a sua cachoeira, uma queda d’água maior do que qualquer árvore milenar. Com suas águas quentes e ferruginosas de cor dourada era um ostensivo convite ao mergulho. Pularam, nadaram, brincaram. Nunca a Eternidade se deteve tanto tempo neste planeta como naquele momento entre os dois. Ah, a Eternidade... Ela tem suas raízes fora do alcance dos homens. Yama também acompanhava a alegria do casal. Uma alegria que faria brotar orquídeas no deserto. Alheio a todos estes espectadores e cheia de doçura, Sanumá observava todas as nuances do espírito de Ninam.
Quando saíram da água, Ninam sentiu calafrios. Secou seu corpo com algodão extraído de um pé de Marcela e sentiu a cabeça latejar. Deitou no colo de Sanumá. A luz o perturbava e fazia arder seus olhos. Percebendo isso, Sanumá fez sombra com seu rosto e esta sombra permitiu Ninam a ter sua última visão: o intenso brilho dos olhos de Sanumá. Ao fechar os olhos, seu rosto se retorceu e empalideceu por um momento. Aos poucos, a cor voltava para a sua face e com a cabeça no colo de Sanumá, Ninam adormeceu serenamente. Sanumá com a voz triste e ritmada sussurrou homenagens de amor e agonia ao índio que lhe roubou a calma e a alma.
Do interior da floresta, um homem alto e forte observava Sanumá com os olhos escuros e fixos. Logo Sanumá percebeu sua unha brilhante como reflexos de sol no lago e uma pintura cintilante como o brilho das jóias e pérolas cobriam seu corpo. Yama saiu de dentro da floresta como a Lua saindo do mar: majestoso e todo vestido de branco. Tinha para Ninam um olhar de grande paciência e bondade e isto tranqüilizou Sanumá.
-É, muito se vive, pouco se vê – disse Yama – Eterno plantador de flores e espinhos no nosso caminho, o Deus do Amor. Com suas flechas com pontas em flor detém o mais poderoso arco do mundo. Ainda que seja feito de cana de açúcar e a sua corda não seja mais grossa do que um fio de teia de aranha, o veneno destas flechas carrega o mágico encantamento do amor.
As palavras de Yama surpreenderam e encantaram Sanumá pela suavidade. Sem nenhum medo Sanumá declarou sua surpresa:
- Sempre achei que você seria uma mulher!
- Não irmãzinha! As mulheres trazem a Vida porque têm mais sabedoria para transmitir aos Curumins. Os homens levam. Devemos relevar algumas atitudes masculinas devido a esta ancestral violência hereditária, muitas vezes reprimidas em saudáveis torneios, necessárias caçadas e em inonimáveis guerras. Dos homens sempre brotará a Morte, enquanto nas mulheres floresce a Vida.
- Senhor Morte, eu sou Sanumá.
Yama sorriu e respondeu com brandura:
- Eu conheço vocês dois, Flor do Sonho, desde há muito tempo. As outras vidas eu as recordo, você não; mas agora está lançada a flecha da minha tutela. Os dias de Ninam estão completos e eu vim buscá-lo.
Yama colocou a mão no peito de Ninam na altura do coração e arrancou a sua alma, um ente não maior que seu dedo, que Yama amarrou em seu laço. Quando a alma de Ninam tinha sido guardada, seu corpo não respirou mais. Yama se retirou para a floresta, mas Sanumá o seguiu, caminhando ao seu lado. Ele parou e disse:
- Volte, Flor do Sonho, e prepare o funeral.
-Ouvi dizer que você foi o primeiro homem a morrer que encontrou o caminho da morada que não pode mais ser tomada.
- É verdade – disse Yama -, mas agora volte, Flor do Sonho. Não pode me seguir além daqui. Está livre de qualquer compromisso ou elo com Ninam.
- Todos os que nascem devem um dia segui-lo, senhor. Permita-me lhe acompanhar apenas um pouco mais, como sua amiga.
Yama parou e, virando lentamente, viu Sanumá. De seu corpo dourado exalava o odor de uma orquídea ao orvalho da primavera. Recordou do casal infinitamente feliz há apenas algumas horas atrás na cachoeira.
- Você tem razão, Flor do Sonho, você não tem medo de mim. Aceito-a como amiga, e aceite também em troca uma dádiva minha, o que eu puder lhe dar. Mas não posso devolver a vida de Ninam.
- A amizade só se consuma após onze passos dados juntos – disse Sanumá – Que a cegueira de Kinã o abandone.
- Já o abandonou. Agora volte, pois está cansada.
- Nem um pouco. Estou com Ninam pela última vez. Dê-me permissão para caminhar com você mais um pouco.
- Eu a dou. Eu sempre tiro, mas é bom poder dar. Não é difícil dar. Quando a vida finda e tudo precisa ser entregue, se compreende que dar não é difícil.
Caminharam rumo ao Norte e chegaram a beira de uma nascente; Yama deu de beber a Sanumá de sua própria mão. Ofereceu a Sanumá visões de outras vidas dela. Passadas ou vindouras, era só escolher. Gentilmente Sanumá recusou o regalo.
- Durante a vida, Sanumá, existe dor, mas nenhuma na morte. O que é muito difícil é encontrar alguém digno de receber. Eu já vi a todos. E, contudo esta água não é mais límpida que seu coração. Você luta pelo que deseja, você decide, escolhe seu caminho e não se abate. Não deseja ser nenhuma outra pessoa. Há muito que não vejo isso. Pode fazer outro pedido Sanumá, tudo menos a vida de Ninam.
- Que meu pai Ianoama viva tanto quanto um Jatobá e tenha uma centena de filhos.
- Ele os terá – assegurou Yama – mas me peça algo mais, algo para si mesma. Tudo menos a vida de Ninam.
Sanumá respondeu:
-Que eu tenha também cem filhos do meu marido.
Yama parou diante de uma Ibirapitanga milenar e ficou a contemplá-la. Sanumá não sabia dizer o que impressionara Yama: se suas palavras ou gigantesca árvore de grosso tronco vermelho.
- Flor do Sonho, sem pensar você me respondeu. E falou a verdade. Como há de ter filhos com Ninam se ele está morto? Mas você não pensou nisso...
- Não.
- Sei que não. Mais não há mais vida nele. Está tudo acabado.
- Por isso mesmo senhor nada pedi pra mim. Eu que estou metade morta e não anseio sequer pelo céu.
Yama suspirou...
- Os favores nunca se perdem para um homem verdadeiro. Sou absolutamente imparcial para todos os homens. Eu, mais do que ninguém sabe o que são a verdade e justiça. Sei que todo o passado e todo o futuro são mantidos coesos pela verdade. Quanto vale a sua vida sem Ninam?
- Nada senhor.
- Me entrega metade dos seus dias na Terra?
- Sim, eles são seus.
Novamente Yama dirigiu seu olhar profundo a Sanumá. Ela sentiu o peso deste olhar sobre seu corpo. Por fim Yama disse:
-Está feito! Pois mais forte que a morte é o amor, e mais longa que a vida é a saudade da pessoa querida. Tomei seus dias e entreguei ao seu marido como se fossem dele. Quer que eu lhe diga o número desses dias?
- Não. Ninguém melhor do que eu conhece a angústia de ver o Tempo correr desesperadamente em sua direção.
- A alma de Ninam descansa com você, Flor do Sonho. Terá de levá-la de volta você mesmo. Mas, antes de partir, me faça mais um pouco de companhia e eu lhe ensinarei o manejo das armas mortais dos Deuses.
Sanumá aprendeu muitos mantras e encantamentos. Mantras que podem tirar uma alma de dentro de um corpo e colocá-la exposta e pulsando na palma de nossa mão. Yama revelou seu verdadeiro nome para Sanumá, mas advertiu que ela nunca poderia pronunciá-lo indiscriminadamente, porque podia trazer uma destruição inimaginável. Se ele for revelado, toda a virtude e todo o poder das palavras desaparecerão instantaneamente e para sempre. Depois Sanumá revelou todo este conhecimento a Shipaya e ele se encarregou de incorporar estes conhecimentos na sabedoria milenar secreta dos Xamãs.
Yama se despediu de Sanumá e prosseguiu só, para o Reino dos Mortos, com um laço que nada continha. Já era escuro quando Sanumá percorreu uma mata densa e sinistra, onde as folhas murmuravam ferozmente ao vento da noite. O cadáver de Ninam permanecia gélido à luz das estrelas. Ela colocou a cabeça do marido no seu colo e sentiu a pele dele aquecer em contato com o seu delicado corpo. Ninam abriu os olhos e olhou para Sanumá com a felicidade que contém um olhar após matar uma longa saudade.
- Passei o dia dormindo, minha Flor. Tive um sonho estranho e nele eu ia sendo levado embora...
- Isso já passou – disse Sanumá.
- Não foi um sonho?
- Ninam eu posso me desfazer de mim mesma, mas jamais de você. É tarde, precisamos voltar. Conversaremos quando chegarmos em casa.
Yama, que havia retornado oculto pela floresta só para ver o reencontro do casal, após a saída deles, dirigiu seu olhar ao escuro denso da floresta e disse:
- Porque me olha tanto, Eternidade? Achas que perdi o juízo com a velhice? Este casal transmitiu a todos os que se dispuseram a ver, o verdadeiro êxtase de viver. Tentar conter este amor teria sido o mesmo que espremer um redemoinho nos braços. Porque sempre há indecisão e dúvida nas coisas do Amor?
Da escuridão saiu a Eternidade envolvida com seu disfarce quase impenetrável. Caminhou junto com Yama. Desceram e se sentaram na aprazível ribanceira do rio. É nos raios do luar que existe à noite que se desvelam as verdadeiras cores de tudo o que existe. A Eternidade sorriu como o rio que fluía na sua frente. Um sorriso prazeroso que fez o seu rosto brilhar.
- O homem não apresenta seu papel na Terra pelo que faz e diz –disse Yama- mas sim pelo que é. O verdadeiro guerreiro é consciente da sua harmonia com o caminho. Por um intenso SER é realizado o mais extenso FAZER. Sem essa essência, sem essa luz, pode o homem ver todas as coisas externas e não compreender nada, assim como um analfabeto pode folhear os maiores livros da humanidade sem entender nada.
- Não precisa se justificar nada para mim, Yama. Se houver alguma causa para o Amor, ele é meu velho amigo de outra vida e se irá comigo após qualquer pequeno atrito. Passarinho que se debruça já tem o vôo pronto. Mas me esclareça uma coisa Yama: o que é esta vida louca que corre nos corpos dos humanos como fogo?
- A vida é como ferro quente, fundindo; prestes a ser derramado. Escolha o molde e a Vida o abrasará. Os atos externos não têm valor por eles próprios, mas sim pela atitude interna. Para ser benfeitor da humanidade, só é preciso ser bom.
Yama afugentou a poeira com o vento e se sentou sobre um punhado de folhas largas de capim e aproveitou para perguntar para a Eternidade:
- E você, que despreza o Tempo, não se cansa de existir?
- O Tempo é um oceano sem fim, e onde achar uma ilha? A vida passa e é instável. Às vezes Yama, ouço o vento passar e só por ouvir passar o vento, percebo que vale a pena existir. Tenho o egoísmo natural das flores, preocupadas só com o florir.
- Eternidade, você que é muito mais experiente que eu, e que vai ficar após minha partida, me retire uma dúvida: Alguém conhece o Futuro?
-Nada sei sobre o Futuro, Yama. Como você tenho paciência e espero Ele vir ao meu encontro. Tenho como companheiro o Presente, momento único em que a gente pode criar e recriar o nosso caminho à nossa própria imagem e semelhança e se vestir com todas as cores e saborear todos os sabores e se entregar a todos os amores sem preconceito nem vergonha. Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se única e exclusivamente Presente e tem a duração do instante que passa. A vida reside no instante. Não perca um só instante, faça rapidamente tudo o que deseja, pois a alegria é efêmera como o orvalho brando no verão.
E ninguém disse mais nada. O ruído da suave melodia do riacho ficou pairando sobre o profundo silêncio que caiu por toda parte até onde os ouvidos podiam alcançar, e tudo ficou escuro como a meia-noite; quieto e tranqüilo como quando um Deus dorme.